sexta-feira, 24 de junho de 2011

Todo coração é uma célula revolucionária



Antes de mais nada peço que relembrem os tempos de escola, peço acima de tudo que relembrem o máximo de coisas que lhes foi ensinado durante os anos de suas formações. Façam esforço.
Depois de juntarem esses dados mentalmente respondam a si mesmos:

Quais dessas lições foram evidentemente úteis para sua vida prática ou formação intelectual?

Desde muito pequenos, desde muito antes da escola, desde muito antes de nossos pais e avós, temos sido manipulados e emburrecidos por um sistema de ensino religiosamente criado para a facilitação do controle mental. Desde muito tempo a visão e o discernimento são tratados como loucura ou genial loucura, não se enganem com o título de gênio, ele também foi criado para camuflar a verdadeira sanidade das palavras e da arte da maioria das mentes que ousaram enxergar através dessa cortina de fumaça criada com o propósito de disfarçar tanta sujeira e corrupção.
Cada vez mais os professores reclamam seus direitos por melhores salários, por melhores condições de trabalho, por um maior apoio à educação. Cada vez mais voltam de mãos abanando, esses mestres não são respeitados, eles não são valorizados, e por que? Pois mesmo que não me perguntem darei minha opinião. A grandessíssima maioria destes professores são crias do mesmo sistema que empurram goela abaixo em nossas crianças. Os que não o são, os que ousam pensar ao contrário e "alternativar" seus métodos de ensino acabam excluídos e sufocados por regras pré moldadas, regras que atam suas mãos e calam suas vozes. Ou seja, valem tanto quanto qualquer um de nós perante os olhos do "grande irmão"... NADA.
Longe de mim culpar os professores, se em algum momento você enxergar isso nessas linhas peço que pare de ler pois não entendeu nada. Nosso inimigo está mais acima, ele não tem um rosto comum, não tem um nome comum, são corporações, mentes em prol da miséria e da deseducação de seus "rebanhos humanos". Nos sugam, nos esmagam, nos amordaçam, nos mentem, nos matam. Em troco nos vendem entretenimento, uma TV com mil canais que repetem bobagens vinte e quatro horas por dia, estações que cospem inutilidades modais através das caixas de som e fones de ouvido de nossos aparelhos de rádio, tecnologias infinitas que nos separam em nome de uma suposta união.
Não temos culpa de fazer parte desse rebanho, não temos culpa de nunca termos tido a consciência necessária para perceber que o certo seria lutar, afinal não é culpado aquele que sente a injustiça mas não conhece o alvo a que deve direcionar o molotov.
Mas se você, assim como eu, cresceu sabendo que algo está terrivelmente errado nesse mundo e não buscou conhecer os hábitos, os planos, os crimes e o rosto daqueles que estão sufocando a vida e a liberdade, se você mesmo depois de todas as provas, de todas as mentiras que ouviu, de toda censura que experimentou, se mesmo assim não se convenceu da necessidade de revolta. Então você passa a ser um culpado. O pior dos tipos de culpado, o omisso, pior que o covarde, o covarde sente medo, você nem isso. O covarde pode lutar e um dia vencer esse medo, você sequer se digna a lutar por si mesmo.
Os antigos ideais estão sendo vendidos em lojas de departamento, desacreditaram a luta ao comercializar como moda o que um dia foram ideais de revolta. Não pensem que porque não funcionou a cinquenta anos atrás não irá funcionar agora também. O terreno mudou, as armas mudaram, mas as verdadeiras ideias ainda são as mesmas, principalmente o inimigo é o mesmo, um lobo sempre pronto a te abocanhar no primeiro momento de desatenção, pronto para esmagar sonhos e fazer piada de tudo que nos é mais valioso. Nossa integridade, nossa liberdade, nosso direito de governar para o bem.
Não riam quando lhes falarem sobre a censura de pensamento, sobre as policias secretas, sobre as conspirações e manipulações internacionais. Não chamem de coincidência ou de desastre toda essa pobreza, não sinta pena das crianças na África, no Haiti, na Indonésia, na America Latina. Não sinta pena dos discriminados e mortos ao redor do planeta, lute por eles, erga-se por eles, acorde por você mesmo.
Vim aqui para lhes avisar, não para convidá-los para uma seita ou qualquer outra forma de alienação. A resistência é opcional apesar de necessária. O que peço é que acordem e deem mais atenção a essa voz na sua cabeça e a esse aperto no coração. Um dia nem todos os antidepressivos poderão te curar da certeza de que algo está terrivelmente errado com o mundo.
Não é necessário comentar, não espero demonstrações de apoio ou reprovação, o que quero é que reflitam um pouco antes de voltarem para suas rotinas normais.
A guerra já começou, escolha um lado. E lembrem-se que se sozinhos parecemos fracos, juntos somos muitos para sermos derrotados.

"Todo coração é uma célula revolucionária."

Por: Rimini Raskin




terça-feira, 7 de junho de 2011

Bla bla bla



Vejo minha era tomada por falsos gênios.
Astutos o suficiente para convencer-lhe de coisas que já sabes.
Desconfiem de toda essa arte pronta, de toda essa beleza que se mostra verdadeira, de toda essa profundidade emocional.
Nada disso se chama arte ou verdade, são fatos apenas, tão profundos quanto um último gole de água esquecido em um copo.
Filósofos buscam explicações, não respondem questões já decifradas sobre o amor ou a solidão.
Poetas não se preocupam em vestir de seda cada um de seus poemas.
Pintores são capazes de criar beleza sem colocar um pingo de sentido nela.
Não deixem que esses malditos regrem a arte, não permitam que tabelem a beleza, não deixem esses papagaios pós-modernos colherem louros às custas de verdadeiros mestres.
Uma folha pode ser linda mesmo sem conhecermos a árvore ou os motivos que a levaram a cair.
Meus amigos, só peço que perguntem-se antes que o fim calce os sapatos, onde dormem os sonhos?


Por: Rimini Raskin

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Questões da Adolescência

Revirando cadernos e trabalhos de escola, me deparei com uma questão proposta por uma antiga professora de português. O ano não sei ao certo, provavelmente 2001/2002, mas achei que minha resposta merecia figurar aqui no Esqueleto. Enfim, segue abaixo a questão e a respectiva resposta dada por mim.


Agora imagine que você está com setenta anos de idade. Descreva como você estará com a sua saúde física, mental e espiritual; como estará o relacionamento com sua família, amigos e como será a sua vida financeira, se você ainda estará trabalhando. Escreva um mínimo de 30 linhas.


Acho que com setenta anos de idade eu não estarei mais vivo,
mas se estiver, viverei em uma casa aconchegante, recebendo uma bela aposentadoria,
solteiro, pai de três filhos e avô de cinco netos.
Farei exercícios diariamente para manter a forma física e viajarei regularmente
para conhecer novos lugares e pessoas.
Terei a mente muito aberta para opiniões e novas experiências,
manterei sempre a alegria e a força de vontade.
Tentarei dar o máximo de carinho à meus filhos e netos, criarei dois cachorros e
uma iguana de estimação; viverei sempre rodeado por boa música e boa arte em geral.
Estarei habituado à vida moderna mas não abrirei mão das coisas boas do passado, principalmente a música.
Tratarei minhas ex-mulheres como amigas, dando tudo que elas precisarem para viver, principalmente companheirismo .
Serei um bom conselheiro para meus filhos, mas nunca me meterei demais na vida deles, até porque devem fazer suas escolhas sozinhos.
Quanto a morte, não a temerei. Pois terei a consciência de que quando ela chegar
estarei preparado para aceitá-la.
Assim como aceitarei de uma forma mais positiva a morte dos outros.
Nunca deixarei a diversão de lado, e terei alguns velhos e bons amigos
prontos para fazer um churrasco e tomar uma cervejinha nos finais de semana.


Por: Yuri Pospichil


*Enfim, não é nada profundo, instigante ou filosófico... na verdade é bem engraçado (ao menos pra mim) me deparar com essas linhas tantos anos depois e ver o quanto os sonhos não mudaram mas a realidade sim.
Cito alguns pontos particularmente engraçados dessa resposta:

1- A certeza que me acompanha desde a infância de que não alcançarei a velhice com vida. (Mesmo admitindo que se alcançar, que seja para viver da melhor maneira possível).

2- A certeza de passar os últimos dias solteiro.

3- Na época que escrevi isso eu ainda me preocupava com a saúde e gostava de praticar exercícios físicos. (Hoje apenas faço caminhadas, para economizar o dinheiro do ônibus, diga-se de passagem).

3- Eu ainda sonhava em ter a iguana que sempre quis mas minha mãe nunca permitia. (Sozinho e velho ela não poderia mais proibir, então não custava nada colocar ela no meu futuro).

4- "Tratarei minhas ex-mulhere'S'..." Na época eu ainda era um guri relativamente bonito e namorador, nada mais normal que achar que isso continuaria pelo resto da minha vida. (Quando se é jovem acredita-se que as coisas vão levar muito tempo pra mudar...grande erro).

5- Notem como eu era um escritor rebelde, sequer respeitei a regra de escrever um mínimo de 30 linhas! (hahahaha)

O resto do texto ainda é uma constante na minha mente, acho que a essência não se perdeu, apenas fui sendo moldado pela vida.