segunda-feira, 24 de junho de 2013

Sem Partidos?



Como as coisas mudam, quando eu tinha meus 16/17 anos e praticamente morava na biblioteca pública estudando filosofia e política para poder defender meus ideais com argumentos plausíveis e concretos durante minha militância, era taxado de "rebeldisinho". de metido a revolucionário, de chato. Hoje vejo uma galera tomando as ruas sem o menor discernimento de política ou de como se faz política, empurrando o país de volta aos braços da direita conservadora que infiltra seus gritos de "derrube o governo" e "sem partido" afim de influenciar e inflamar os desavisados a andarem por aí com uma bandeira brasileira enrolada no corpo e cantando um hino nacional ostentoso que só serve para camuflar a realidade e a história nada ostentosa do país. Sem partido? É isso mesmo? E quem assumiria para devolver a ordem? Presumo que os militares novamente, e aí amigos, a história vocês já conhecem ou ao menos uma parte exposta dela. Até entendo que nunca tenhamos sido ensinados de forma direta e clara sobre o que foi a ditadura militar, mas na era da informação é inadmissível que as pessoas não estudem antes de saírem por aí despejando bobagens e se deixando levar por informações mentirosas. Não sou contra os protestos, de forma alguma, acho legal que o "gigante" tenha tomado do dia para noite consciência política, mas me assusta. Revolta sem foco e sem planejamento tem o poder de se tornar um tiro no pé, que me desculpem os mais entusiasmados é o que parece estar acontecendo. O Gigante pode estar revoltado, mas acordado de fato eu ainda tenho minhas dúvidas. Alguns "anões" nunca dormiram, eles simplesmente não foram levados a sério como deveriam. Por isso expulsar partidos de esquerda das manifestações é antes de mais nada um erro. Eles sempre criticaram o aumento das passagens e lutaram pela qualidade do transporte, se essa for realmente a pauta. Lembro do PSTU, que eu não simpatizo, mas preciso admitir que sempre estiveram na militância por esse tema, ou do PSOL (partido que eu no início participei, mesmo antes de ter se tornado um partido de fato, mas que não me mantive por talvez não estar alinhado a minha visão de esquerda mais radical na época). Não estou criticando a multidão que tomou as ruas, apenas aconselho a se informarem melhor para que não se deixem transformar em massa de manobra para interesses que em nada tem que ver com democracia e justiça. É preciso se organizar, é preciso estudar, é necessário ter FOCO e reivindicações concretas ( quando digo concretas, me refiro a crítica e planos de solução para as mesmas, e muito importante, direcionadas aos órgãos políticos de fato responsáveis. Presidente não tem poder de mandar prender, vetar PEC ou baixar passagem de ônibus, organizem-se e levem suas propostas aos competentes por cada área.) Exijam e façam uso de seus direitos como cidadãos de uma democracia (ainda que de aparência, como é a brasileira), mas façam isso de forma estudada, coerente e clara. Já mostramos que estamos descontentes, mas esse é só o primeiro passo, agora é a hora de apresentarmos cartas e ideias. A corrupção é um inimigo arraigado na política brasileira que deve ser removido, mas isso não vai acontecer da noite para o dia, não existirá um decreto ou uma mágica que fará ele acabar. O fim da corrupção é um processo paulatino e parte também da conduta do cidadão comum, SIM, de nós mesmos que usamos o jeitinho brasileiro para levar vantagem em cima dos outros. Estamos mais participativos e ligados na política do país, eu sonhei com isso e agora acontece, mas por favor não deixem de se informar e checar fontes antes de disseminar informações, isso só aumenta a força dos inimigos da liberdade e da verdade. Não tenham memória curta, caminhamos e evoluímos muito nos últimos anos, muito também ainda falta ser feito e justamente por isso devemos usar essa energia que têm se mostrado nas ruas para participar no processo de conscientização para um país mais justo. Vá para a rua, mas saiba contra quem lutar. Cobrem dos políticos, mas não esqueçam dos patrões que te exploram de forma direta, seja com condições insalubres, baixos salários ou taxas altíssimas de lucro em nome da fortuna a qualquer preço que só contribuem para aumentar o abismo salarial e a desigualdade social existentes no país.



Por: Yuri Pospichil