segunda-feira, 28 de junho de 2010

Quando as linhas insistem


Não suporto olhar no espelho
E só enxergar o reflexo do ridículo do amor.
Os ciúmes, os calafrios, o mal estar das palavras engasgadas.
Mas também (e principalmente), a vergonha das frases ditas.

Sinto o que sinto por não ter mais o que sentir.
Veja que grande tolo eu sou!
Pois não sofro por te amar em demasia,
E sim por querer tão pouco à os demais.

Quantos finais podem existir em um sorriso?
Isso realmente não sei.
Mas versos à uma musa morna
É poesia jogada fora!


Por: Yuri Pospichil

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Desejos

Trago em mim o gosto pelo novo,
O desejo vivo, o anseio eterno.
Não procuro a dor gratuita, mas torno-a banquete
Para assim desfrutar o açúcar do seu sangue amargo.
Faço do açoite a punição perfeita para meus pecados
E purifico-me por teu amor pagão.

Caminho entre a imundície do mundo à buscar prazeres ainda intocados.
Não escolho-te por tua pintura, mas por teu rosto pintado.
É uma pose que desejo, o teu corpo de amanhecer.
O olhar que queima, as mãos que elevam ao renascer

Arrancaria tuas máscaras menos a última,
Para que nunca venha a sentir-se totalmente nua.
Quero-te anjo caído,
Um doce demônio de asas podadas.
Quero-te para o mundo...


...O meu mundo.


Por: Rimini Raskin

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Kidult

Sou aquele que construo todos os dias pelo prazer de destruir mais tarde.

Sou tudo que desejo.

O guri que fala sério e o amor que retorna ao zero.


Sou tudo que detesto.

O profissional de fala firme e o leigo que não se leva à sério.


Sou aquele que destruo todos os dias pelo prazer de construir mais tarde.



Sou à força!


Por: Yuri Pospichil

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Minhas melhores cores


Te imagino cercada por minha melhor moldura.
Coberta apenas por beijos e amores plenos.
E como me encantaria desenhar-te um sorriso
Enquanto dormes teu sono de rainha,
Só para depois apagar-te dos olhos as lágrimas
E pincelar sem medo, cores em teu coração.

Faria isso enquanto mergulho minhas mãos em tinta fresca
para marcar-te o corpo com carinho.
Terias de mim o meu melhor,
mas nunca a perfeição.
Te amaria como bom mortal que sou
E erraria para na cama lhe pedir perdão.

Te ajudaria a cuidar da casa
e manter as plantas sempre molhadas.
Por isso só peço-te que não demores,
Para que não acabe por encontrar apenas uma palheta com tinta seca
E um pintor de mãos cansadas.

Por: Rimini Raskin

domingo, 13 de junho de 2010

Olhares

O que te faz pensar que a noite não reserva um novo olhar?
Ou faz acreditar que os mesmos amigos já não podem ser mais uma surpresa?
Pois te digo que há uma forma toda especial de se amar o tempo,
Maneiras novas de voltarmos ao passado
E vontades de reinventarmos o futuro.


Nos vejo de mãos dadas pelas ruas,
Rimos e olhamos uns aos outros.
Somos partes incompletas de uma mesma vibração.

Fazemos do vinho uma fuga da singularidade fria.
Pedimos uma porção de fritas e cumprimentamos os novos amigos.
Que importa se suas amizades durem segundos, no máximo uma noite?

Existem planos para amanhã,
Relógios que despertam as 9 horas no domingo
E uma noite que terá ficado em um lugar especial da história.

Memórias que não apagam,
Momentos que se fazem eternos
E pessoas que se mostram indispensáveis,
Só reforçam o sentido
De verdadeiros laços de amizade.



Por: Rimini Raskin

terça-feira, 8 de junho de 2010

Fim



Lembro de estar carregando algo.
De estar sentindo calor.
Lembro de como teu rosto parecia perdido
enquanto todos diziam teu nome a sorrir.

Sempre me soou falso.
Mas contigo de repente a rebeldia era real.
Nos teus cabelos o cinema me saltava aos olhos.
E nos teus olhos buracos negros apontavam o vazio de uma alma química.

Me entreguei ao corpo que se entregava.
Partilhei da loucura doce de voltar a ter 15 anos.
Sujei-me de sangue, do meu e do teu sangue.
Lavei-me com lágrimas, as tuas, as minhas e dos anjos.

Escrevemos linhas convulsas,
Presenteamos um ao outro dores e incertezas.
Sorrimos, gargalhamos, transgredimos um mundo de regras.
Te perdi, te busquei e perdi de novo.
Nunca à tive, à mim mesmo sequer cheguei um dia à ter.

Dois personagens de um romance-dramático
Parte comédia, parte non-sense.
Mas olhe pra nós agora.
Quem somos?

NADA.

Nada além do que éramos.
Nada além do que fomos.
Andamos em círculos.
Cuidando um do outro à uma distância segura.
Correndo de volta sempre que a luz apagava.

Seria lindo se não doesse tanto.
Se as mágoas fossem esquecidas.
Mas olhe pra nós agora.
Quem somos?

TUDO.

Tudo que nunca quisemos ser.
Por isso me afasto de um corpo que afasta.
Te olho de uma distância maior.
Não seguro mais a tua mão.

ESCOLHAS.

São elas que decidem os rumos.
O tempo não concerta.
O tempo escorre,
E com ele nossos planos.

Sinto que posso ser melhor.
Sinto em ti uma tristeza que meu toque não cura.
Não há raiva.
Não existe paixão.
E o amor, bem, ele está tão cansado que decidiu dormir.

Só resta carinho por antigas fotos.
Não há pesar.
Não há culpados.
Não há o que não há.

Bem vinda de volta, minha vida.
Sorrisos me brindam.
Os amigos me chamam
E corações dispostos me aguardam.

Como uma parte minha que fostes,
Amo-te como deveria.
Só peço-te que fuja, Amélie.
Pois a solidão aguarda por aqueles que a perseguem.
E ainda espero te encontrar bem longe dela.


Por Yuri Pospichil

sábado, 5 de junho de 2010

Heroes


Eu, eu serei rei
E você, você será rainha
Embora nada os afaste de nós
Nós podemos vencê-los, ao menos por um dia
Nós podemos ser heróis, ao menos por um dia

E você, você pode ser egoísta
E eu, eu beberei o tempo todo
Por que somos amantes, isso é um fato
Sim, somos amantes, é isso e pronto

Embora nada venha a nos manter juntos
Nós poderíamos enganar o tempo, apenas por um dia
Nós podemos ser heróis, para todo o sempre
O que você acha?

Eu,
eu gostaria de poder nadar
Como os golfinhos
como os golfinhos nadam
Embora nada, nada nos mantenha juntos
Nós podemos vencê-los,
para todo o sempre
Oh! nós podemos ser heróis
ao menos por um dia

Eu,
eu serei rei
E você,
você será rainha
Embora
nada os afaste de nós
Nós podemos ser heróis,
apenas por um dia
Nós podemos ser nós mesmos,
ao menos por um dia

Eu,
eu me lembro de estar parado
encostado na parede.
As armas atiravam sobre nossas cabeças
E nos beijávamos,
como se nada pudesse cair,
E a vergonha, estava do lado de lá.
Oh nós podemos vencê-los
para todo o sempre
Então poderíamos ser heróis
ao menos por um dia
Nós podemos ser heróis
Nós podemos ser heróis
Nós podemos ser heróis
Ao menos por um dia

Nós podemos ser heróis
Não somos nada,
e nada nos ajudará
Talvez estejamos mentindo,
Então é melhor você não ficar
Mas nós poderíamos estar mais a salvo
Ao menos por um dia


Por: David Bowie