segunda-feira, 25 de maio de 2015

Anjos


Silenciosamente
poesia mansa
Cautelosamente
            penetrante
Teu coração
acelerado pelo
veneno fresco
da minha flecha
             cega
Vêm, amor
Cala teu seio
contra a minha boca
Tua coxa que encaixa
na minha
              coxa
Tua rosa que orvalha
no toque do meu pelo
Desassossego
deliciosamente fluido
no cosmos do teu
               ventre
Vêm, amor
Que meu poema
têm sede &
bebe devagar
Vêm, amor
Me oferece
teu cálice
a tua hóstia
Silenciosamente
sacramenta
a nossa dança
                erótica
Me carrega
com força
na tua petit mort
sem túmulo
nem epitáfio
enquanto seguro teus
                 braços
nessa agonia
sem dor
&
Escuta!
Escuta!

Essa voz no teu ouvido
São eles que
vieram nos buscar

 - Raskin

terça-feira, 12 de maio de 2015

Benzedura


Sonolência
velha enjoada
segurando a alma
pelos calcanhares
para que não abandone
o corpo antes da hora
mas que horas são
no olho mudo
do mundo
da nossa escuridão?

Chronos mastigando
com pena
a cabeça louca
da velha com ramos
folhas
rezas e
tartarugas da nossa infância
espinhos de ouriço
babosa mel e cachaça
chá de cordão

A mágica
a nos secar
as verrugas

-Raskin