Em dias como hoje de correria intensa,
dias que parece que nada me pertence
Não tenho tempo de sentir, sonhar
e até meus pensamentos parecem sem tempo para fluir.
Quem me condenaria por desejar apenas fazer nada
Se esse nada coordena o caos que nesse momento reside em mim
Meu tempo não se resume mais a possibilidade de encontrar
A noite não é mais um mistério obscuro
Tornou-se uma parte
Insondável de mim mesmo
Minha limitação sou eu mesmo.
Hoje pela manhã não me importa mais
Se alguém ganha ou perde
Percebi que é difícil tomar uma atitude
e ainda mais difícil deixar de tomá-la.
Hoje redescobri que dizer ‘meu amigo’ é uma vitória
E que amar é mais que um encantamento
É uma habilidade filosófica
Hoje eu quebrei meu espelho e vi estilhaços em mil formas
As mil formas que me representam
As mil formas que habitam minha alma
Quem sou eu de verdade?
A pergunta não é essa...
Porque não tenho que escolher um ‘Eu’
Eu gosto da dor que sinto ao respirar
Gosto de quando não respiro...quando não dói mais
Sinto as marcas de todos os resíduos,
Do meu cheiro que teima em não ficar em nada
Me fazendo crer que sumi
Até teu gosto não me vem mais a boca
Perdi a sensação da falta de teu toque
Estou dormente?
Minha pele tem vida?
Olho novamente
Nos estilhaços do espelho vejo meu corpo
Levo a mão ao peito e imagino como me vêem
Que cara poderia ter hoje?
Como definir meus próprios detalhes?
Um piscar de olhos e o dimmer diminui a luz com suavidade
Estou próximo a palavra ideal,
Daquele olhar que faz minha alma cantar
Saio do meu reflexo
Estou vazio...ainda...
Por: Yuri Pospichil*