quarta-feira, 6 de julho de 2011

B.T. (música)


É diferente olhar o muro e já não ver vocês
Pisar as pedras de um caminho que já se desfez
O vento quente que anuncia a tempestade
Ainda sopra um relato do que aconteceu
E desenha as nossas formas na calçada
Esperando ouvir de novo os velhos planos
E todos os danos que ainda entre nós não se podia prever

Elvis cantando no rádio e um funeral
Outra garrafa de vinho até o nascer do sol
As fronteiras que cruzamos numa tarde
Com um mapa e a nossa imaginação
Escrevendo nossa história em toda madrugada
Esperando ouvir do outro os velhos sonhos
E todos os enganos que ainda entre nós não se podia crer

Tentar juntar o que sobrou
Da noite que do céu caía fogo no infinito
Lembrar é só o que restou
Depois de tudo que se viu, falou e foi escrito

Impossível não lembrar do que passou
Quando sozinho me pergunto como tudo isso acabou...

Nem fantasmas somos hoje
Nem fantasmas do que fomos


Por: Rimini Raskin





Porque existem coisas e pessoas que merecem ser lembradas!




3 comentários:

  1. Muito bonito Yuri!
    Principalmente essa parte:

    "Tentar juntar o que sobrou
    Da noite que do céu caía fogo no infinito
    Lembrar é só o que restou
    Depois de tudo que se viu, falou e foi escrito"

    Mexeu muito comigo! `^^´
    Abraços do Elfo!

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  2. É incrível essa visão que temos do nosso passado como uma passado muito mais digno e glorioso do que o presente. Esses dias fui ver o filme do Woody Allen "Meia Noite em Paris". Foi realmente muito interessante a forma simples mas eficiente que ele aborda o tema. O filme é sobre um americano em Paris que caminha na cidade e sempre por volta da meia-noite consegue retornar no tempo, para a Paris de 1920, e encontrar pintores famosos ou escritores que conhecemos hoje em dia como grandes escritores e pintores.

    Aquele momento era a Época de Ouro da Paris que ele amava. Entretanto, nessas voltas ao passado, sempre depois da meia-noite, ele acaba por conhecer uma mulher e com ela consegue voltar ainda mais para o passado. Juntos voltam para a Paris de 1890, onde conhecem Toulouse Lautrec, e a mulher,que era de 1920, maravilhada com aquele retorno, diz que se encontra na Época de ouro da cidade. Resumindo, e me desculpando por contar um pouco do sentido do filme, ela discute com o cara qual realmente é a Época de ouro, se 1920, como ele acreditava ser, ou 1890, como ela pensava. Lembrando que o cara é de 2011, e ela de 1920.

    É realmente muito curioso que o ser humano seja descontente com o caminhar da sua própria história. Será que nós sabemos realmente como aproveitar o hoje? Será que éramos tão gloriosos assim no passado? Não sei.

    Apenas penso que a ingenuidade é algo que existia em mim muito mais no meu passado do que existe hoje. As vezes me parece que ela, em conjunto com a ignorância, tem o poder de simplificar as coisas. "Se Eva não tivesse comido o fruto da árvore do conhecimento, sabe lá como estaríamos hoje".

    Hoje, para mim, pensar no passado glorioso, por mais agradáveis que sejam as memórias, me parece frustrante, tanto como vislumbrar um futuro glorioso, afinal, depois do futuro glorioso, sempre haverá um futuro por se vislumbrar e um presente como resultado, bem ou mal sucedido.

    E a vida continua...

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  3. Nesse caso nem se trata de achar o passado mais glorioso que o presente, Rogers. É o caso de sentir falta de uma fase e de pessoas que se perderam aos poucos do meu convívio. É uma forma de homenagear um momento. O fato de dizer que hoje não somos nem sombra do que fomos, não é uma depreciação, é referente a mudança, aos sonhos abandonados e substituídos por outros tão diferentes. Ainda vejo esporadicamente um desses amigos e é inevitável não fazer comparações boas e ruins do nosso passado para o nosso presente.

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