domingo, 24 de junho de 2012

A Máquina



Tenho essa velha Lettera 82 verde me olhando, sussurrando nos meus ouvidos que se trata da herança de um homem ainda vivo. Maldita máquina intocável, fiel à mãos que não lhe davam atenção há anos. Mas assim também são algumas pessoas. É difícil entender que chega uma hora em que nos tornamos inúteis para quem um dia juramos amor. Eles apodrecem, eu apodreço, mas a Lettera 82 verde espera sem tinta que os velhos dedos esgotados lhe façam um carinho. Usá-la agora seria um estupro.

Por: Rimini Raskin

Um comentário:

  1. Poeticamente interessante. Ainda não aprendi a chutar o balde... Inútil... Talvez tão inexistente quanto o útil. Perante o tempo infinito e irreal, não seu como justificar a utilidade e a inutilidade de nós e das coisas. Let's live.

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