- Cortou-me as asas e chorei veneno mil anos!
Disse a serpente, triste como uma viúva obediente.
- Depois arrancou-me as presas e conheci a fome
que castiga o corpo e a mente!
Continuou a cobra de maneira eloquente.
- Minha toca, meu refúgio, destruída.
E com isso, exposta a medo e paranoia covardemente!
Prosseguiu assim o lamento da confusa criatura
que de tão desesperada já não mais se movia
sob o peso da minha bota de loucura.
Até que por fim, sucumbi a seu lamento.
Pobre serpente!
E permiti ao animal choroso que saísse
sem entender ao certo qual fora seu crime.
E ela se foi,
julgando-se inocente e imprescindível
ao homem que passara a vida com medo de também voar
e acabar morto por um inimigo, na maioria das vezes,
invisível.
-Raskin
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