segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Porque Toda Noite a Noite É de Caça



Esse verso
dardo pontiagudo
soprado com exacerbada força
através da zarabatana
etérea do pensamento
rasgando o tecido noturno
rompendo o silêncio da tumba
atingindo em cheio a jugular
do grande touro da rotina
que derrama sangue e envenena
o terreno plano das ilusões
e eu me agacho na terra
e eu pinto meu rosto de sangue
e arrasto o touro pra longe, bem longe
brado -- bebo um gole
e me reergo dessa lama suja
da repetição suicida
carregando outra vez
zarabatana e coração
disparando o verbo malícia
em tiro cego
na direção da madrugada


- Raskin

Um comentário:

  1. Tu é o cara.
    O negócio é sangrar esse touro, sempre que ele aparece em nossas vidas; e em seguida partir, armado, para o próximo embate.
    Parabéns pelo texto.

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