No espaço vazio (ab)surdo Entre Beethoven e os Depeche Mode A pornopoética rompe com a blindagem das agências bancárias temperando com vidro um enorme prato de sopa... - Raskin
Thoreau bateu à minha porta. Eram 3 da manhã de um lugar comum Destes tão ordinários quanto a própria realidade. Trazia consigo um cesto de maçãs vermelhas e na mão esquerda um calhamaço mágico...Anárquico me chamava para fora para que eu visse com meu próprio espírito sujo da fuligem industrial uma enorme fogueira que ardia alimentada pelas leis do capital. Thoreau como um xamã aniquilava toda produção inútil, a fome e a servidão. Fazendo-as curvarem diante de seu olhar caudaloso. Ao nosso redor relâmpagos Iluminavam o interior do fumo espesso da fogueira enquanto a Terra gritava e os Rios, com violência arrastavam suas amarras... De costas coladas à parede de pedra chorei, entre maravilhado e confuso. - Raskin
Foto: Dado Braz
Toda violência de uma vida gasta a servir aos mecanismos sórdidos de uma prisão de almas que julgamos sociedade Toda violência, tudo, toda delinquência do espírito, dos vícios, das manhãs em que se acorda excitado sem que se ouse despertar a esposa que dorme ao lado Toda a ânsia de vômito, toda, tudo... o sentir-se como merda na presença do patrão, nem ódio nem revolta...só um desejo de voar O corpo pequeno no ar, a densidade do espaço vazio entre a passarela e o asfalto Toda a amargura, icebergs árticos, mendigos beatificados pelo sereno, o conhaque feito o universo através das lentes de um supertelescópionorteamericano... Toda essa merda, tudo, toda e ainda assim, nada... nada que valha sequer um poema imortal -Raskin