Dedilha o cravo do tempo
as mãos molhadas de inverno.
Tuas juntas cansadas
seguram a pena
no leito de morte.
Mas poesia não é sobre isso.
Se perde tanto,
sobretudo tempo
na busca inútil
pela poética absoluta
contida nas coisas.
Quando de absoluto mesmo,
somente o nada.
Esse vazio cosmogelatinoso
que serve de ligação para a vida
no instante em que tudo mais
se faz pequeno.
Por isso não esparrame, meu coração.
Não liquide teus segredos
em uma black friday pavorosa.
Usa tua retina de refletor e
compartilha tua película com os raros.
Tua pena pode até riscar a folha
de amor, de morte, de noite
Mas poesia é mais do que isso.
Paciência é coisa cara - chave -
treina.
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