quinta-feira, 8 de agosto de 2019


Dedilha o cravo do tempo 
as mãos molhadas de inverno. 
Tuas juntas cansadas
seguram a pena
no leito de morte.
Mas poesia não é sobre isso.

Se perde tanto,
sobretudo tempo
na busca inútil
pela poética absoluta
contida nas coisas.

Quando de absoluto mesmo,
somente o nada.
Esse vazio cosmogelatinoso
que serve de ligação para a vida
no instante em que tudo mais 
se faz pequeno.

Por isso não esparrame, meu coração.
Não liquide teus segredos
em uma black friday pavorosa.
Usa tua retina de refletor e
compartilha tua película com os raros.

Tua pena pode até riscar a folha
de amor, de morte, de noite
Mas poesia é mais do que isso.

Paciência é coisa cara - chave -
treina.









Nenhum comentário:

Postar um comentário