Cinco e vinte da manhã, restavam apenas ele e eu na mesa, mal suportando o peso das cartas com a cara cheia de cerveja e remédio. Os outros dormiam exaustos do calor do fogão à lenha e das risadas iniciadas ainda pela tarde.
- Te ligou na última festa? - me perguntou com um sorriso safado no rosto. O cara era um desses tipos admiráveis, capaz de aproveitar o máximo das situações, vivia suas loucuras com muito mais responsabilidade do que qualquer outro que eu já havia conhecido, era realmente um dos bons.
- Depende. Ta falando do que? respondi.
Ele chegou mais perto e começou a falar baixinho enquanto se certificava que os outros continuavam dormindo.
- Quase comi ela ali no canto mesmo, ficou se fazendo mas acabou tocando uma pra mim.
- Que filho da puta, ela também agarrou meu pau quando eu passei no corredor.
- Eu sei, ela me falou. Disse que quer dar pra nós dois, vamos?
- Por mim ta beleza.
- Caralho, só de falar já fico de pau duro. Que puta, cara. Que puta.
- Segura a onda aí, comedor. Não querendo me comer também eu to dentro.
E rimos pra valer vendo aqueles raiozinhos azuis por toda parte e as quinas derretendo.
Mas era claro que não iríamos trepar com ela, no fundo existia uma certa decência de nossa parte em relação à mulheres comprometidas, mesmo com as mais safadas.
Por: Rimini Raskin
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