Caminhei sob o brilho das luzes celestes
chutando pedras e
tampas de garrafa
Sobre trilhos de pensamento os
trens da imaginação
carregados de vida
deixavam escapar entre as frestas
lascas de sonhos e letreiros opacos
no profundo da noite fria
e dos ventos
que uivavam nas esquinas
com seus gritos de índias ancestrais
Caminhei por caminhar como quem não quer -
quem não quer, mas que no fundo quer sim
encontrar
uma razão, um sentido ou porra nenhuma
desde que seja encontrada enquanto se caminha sem querer
Um passo depois outro passo e
assim passava o tempo em círculos perfeitos
desenhados pelas mãos trêmulas da incerteza
Não sabia, juro que não sabia
Nunca tive ideia
Queria tanto
Penso que ainda quero
Mas não sabia, juro que não sabia
Ninguém nunca sabe
Saber é pesado
Pesado demais
O melhor era não saber
E eu não sabia, juro que não sabia
Mas,
Não saber me trouxe Frio
Não saber me trouxe Fome
Não saber me trouxe a Poesia
E só então eu estive livre para saber
que o poema era pão
E o comi com deleite
Juro, juro que soube - naquele momento -
que o poema era abrigo
e meu travesseiro de folhas
era o poema
Eu soube, juro que soube
No instante em que enchi a barriga de palavras
e o coração de cor
Por isso não morro, não mais
Eu vivo, vivo poema
vivo no poema vivo
visto do alto da montanha mais alta
&
Na cidade lá em baixo
com suas formiguinhas cigarreando
agora vivo cantando
vivo cantando
por cada girassol -agonizante-
na prateleira do supermercado
Por: R. Raskin
"Saber é pesado
ResponderExcluirPesado demais
O melhor era não saber
E eu não sabia, juro que não sabia"
Realmente, saber é pesado. Não há categoria, ou seção de supermercado que na sua sabedoria, pouca, nula, ou muita, que não carregue os pesares e alegrias de ser e saber o que sabe, ou o que pensa saber, ou nada sabe.