segunda-feira, 8 de abril de 2013

Do Sonho Do Vigésimo Anjo Alfabético


1

Mataram os meninos
enquanto deitados na cama de mato
bebiam a vida das tetas de uma vaca
tão grande quanto a própria existência

Mataram os meninos
justo quando acordaram para mijar álcool
nos banheiros escuros do cosmos
observados pela Ursa Maior

Mataram os meninos
que na ânsia de viver
engoliram pedaços enormes de carne e mistérios
maiores que a própria garganta

Mataram os meninos
&
Não houve perdão

Mataram os meninos
&
Nunca souberam por que
Nem nunca irão saber

Mataram os meninos
e todas as mães choravam desesperadas
porque sofrer é o que as mães
melhor do que ninguém
sabem fazer

2

E por 80 horas choveu forte no olho do mundo
enquanto todos os anjos
do alto de suas orações
choravam piedade
na longa noite
que se abateu sobre o coração dos homens

Em vão...






Por: Raskin


2 comentários:

  1. Isso, me deu vontade de escrever isso:

    ________________________________________


    3 PARADAS

    Choraria mais por aquele semi desconhecido
    que partiu sem dizer adeus.
    Partiu porque alguém quis,
    assim, sem aviso prévio.
    Choraria por ele que ficou lá,
    deitado na chuva noturna que caia,
    enquanto eu, sozinho, viajava de ônibus,
    e pensava:

    Que significado haverá em nossas vidas?
    Que mistério existe por trás de noites frias?
    Quando descer terei que correr da parada
    até aquela casa de portão bem baixo, e azul.

    Desci.
    Mal sabia por que chorava.
    Não sabia que lagrimas eram as minhas
    e quais seriam dos céus,
    escuros e nebulosos.

    Restava eu, correndo pela rua, pulando poças.
    E ele, deitado ao chão,
    enquanto as águas
    limpavam suas feridas.

    Águas que se tornavam vermelhas ao carregar a dor,
    para que esta jamais pudesse ser novamente sentida.

    Corria,
    corria mais do que podia.
    e quando finalmente cheguei ao meu destino,
    abracei o amor, com mãos entrelaçadas.

    Senti seu calor familiar a mim.
    Sua vida, seu sangue pulsante.
    Seu perfume.

    Estava em casa, estava a salvo.

    Ainda assim, chorava.
    Afinal, o que era?

    Ah sim!
    Pelas balas perdidas,
    que estavam à minha frente,
    três paradas.

    Pah!

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    1. Me faz pensar sobre a brevidade e a inconstância da vida humana, essa imprevisibilidade às vezes horripilante; Mas que me faz sorrir, ainda que pareça mórbido o que vou dizer, por pensar que o fim pode estar ali na frente, três paradas adiante, nos salvando do tédio.

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