sábado, 30 de novembro de 2013

Pampa



Mágica de linha hipnótica
Tira amarela
Pintada em intervalos métricos
Magia invisível
Noite densa
De chuva violenta
Sobre campos e estradas pampeanas

Raios como lâmpadas
Explodindo no interior
De imensos algodões doces empoeirados
Caminhões de toras com seus motoristas quimicamente acordados
& aos poucos
Visão laranja ouro
Da aurora divina que espanta tempestades
& revela o vazio

Da minha e da outra e da próxima janela
Verde/verde/verde
E cerros de granito que instigam desejos de elevação
E suaves ondas de capim baixo
Ou trigais amarelos ao vento
Ou uma vaca vermelha
Solitária no campo imenso
O zazem da vaca
A iluminação nos escuros olhos enormes
Onde a alma humana não dá pé

E onde está o homem?
Whitman velho barba louca
Coração em caça
Onde andará teu anjo fraternal?
Onde estão as mãos que um dia rasgaram o ventre da terra
para construir esta estrada?
Sentados em seus galpões ancestrais
De água quente e pelegos e chapéus
Talvez em uno com seus cavalos

Que bela é a imensidão deste pago
Diante dos meus olhos
O reflexo da angústia humana
&
Outra vez as nuvens
&
A noite
&
A volta pra casa
&
O tudo é o nada
&
O NADA
ESTÔMAGO DE DEUS
QUE DE AUSÊNCIA SE ALIMENTA
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O SAMSARA NAS RODAS DO MEU ÔNIBUS


- raskin

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