Anjos de asinhas transparentes
se esborracham contra os vidros
Cacos de vida e taças de vinho
o orgulhoso beberá esgoto tratado
No rádio, amor ginsbergiano legalizado
em mais dois estados e um distrito
América, e a não violência quando legalizará?
Por que é tão difícil relaxar?
Loucos armados de microfones em caminhões de som
arrastam uma direita raivosa com discursos anacrônicos
A floresta cai, a chuva não.
A morte é negra, jovem, periférica
e o sangue seca no asfalto por falta de justiça nas torneiras
A polícia dorme em paz agora que julgará os seus
Cláudia segue sendo arrastada
O sertão virará Cuba e o sudeste sonha com o mar
O norte sufoca em fumaça e cascos de vaca
O sul veste seu capuz branco e elege um purificador
Fraude e Paranoia instauradas no cotidiano
O governo nunca gostou de índio
Na bandeira um Kaiowá com a corda no pescoço
e a boca cheia de soja
A banalização do extermínio
A naturalização do horror
Será que sou um comunista?
-Raskin
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