segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Chuva Fina Blues


No caminho lento de pedras irregulares molhado pela chuva,
o chão e a ponta dos meus sapatos
refletem constelações de expectativas
Talvez do bar, o balcão marrom, as mesas indigestas
armadilhas engorduradas do pré-noite
Ou então as mulheres em grupo
lançando sorrisos independentes, de braços dados
acendendo cigarros enquanto batem os pés de inquietação

Sigo rápido, vilipendiando quilômetros
Revirando sacos de lixo
com o
      coração canino
                     que os deuses
                                   me presentearam
Engolindo vento frio feito um gigante adoecido

- Quando era criança jogava tacos nestas mesmas ruas -

Mas agora não é tempo de recordar
A linha entre o passado e a iluminação morna é tão tênue
que já nem sei se sou o dono da sombra pesada que se arrasta no meu encalço

- No futuro as crianças nascerão para montarem tigres -

É esse o tipo de pensamento santo que me ocorre quando caminho rápido
E todas essas casas se repetindo e competindo
& grades & grades & grades
São nossos corações bandidos
na ponta da lança
Mas que bobagem
Meus amigos não entenderiam o que escrevo
Então por que escrever? Por quem?
Para não morrer, eu respondo
Para não precisar caminhar por aí com uma máscara de gás

- Menos de uma quadra e já enxergo o neon azulesverdeado -

Milhões de passos
Micro partículas
Uma vida em prol do esquecimento


Por: Raskin

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