segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Outono




Se eu pudesse uma outra vez, como naquela vez
encostar-te tremendo contra muretas de becos discretos
com tuas coxas enluaradas ruborizadas por meus beijos cretinos
Mordendo a boca para aprisionar a liberdade do gozo
escondendo o rosto toda vez que faróis de carros
feitos lanterna inquisidora de um guarda rodoviário
ou holofotes reveladores de prisioneiros fujões
anunciavam-se nas esquinas do nosso segredo
para expor-nos ao ridículo julgamento do mundo
como se fôssemos criminosos e merecêssemos a pena máxima
da frigidez e da hipocrisia social.
Dois corpos competindo com o calor de uma noite de sexta                                  
de sexo, de sensual brisa apocalíptica soprando para longe
um tempo que só podia existir em mistério e silêncio
Ah, se eu pudesse uma última vez, como naquela vez.
morder-te o pescoço com tua espalda pressionada contra meu peito
Cochichando-te ao ouvido profecias de natureza sacana
em um sábado a noite quando todos estão dançando ou
se masturbando com programas de pornô leve na TV a cabo
Se ao menos eu pudesse...pela última vez


Por: Raskin

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