segunda-feira, 30 de maio de 2011

Rotinas de quem não existe


É essa minha mania de achar noventa e cinco por cento da humanidade patética e entediante.
É esse meu costume de beber sentado, falar alto e rir sem motivos quando me divirto.
Minhas hipocrisias corriqueiras que renomeei para "crescimento".
É esse meu desapego ao ato de impressionar quem quer que seja.
De não fazer a barba todos os dias e falar pelos cotovelos quando meus ouvidos não se interessam por nenhum assunto que possa ser discutido pelos presentes.
É esse meu hábito de querer sair da estrada pela sensação de tentar chegar ao meu destino por caminhos que ainda não existem.
De não ser regrado, de não gostar de pressão, de responder atravessado, de ser debochado, de esquecer as datas e deixar tudo para a última hora.
Minhas fantasias de grandeza sempre carregadas de verdades incompletas.
Minhas mentiras frequentes, sempre usadas com o intuito de não ferir ou me ferir.
Poder ser e não querer, sonhar com a normalidade enquanto a maioria busca o diferencial.
De invejar o mais sujo e feio dos homens ao ponto de ser detestável mas nunca imperceptível aos sentidos daqueles que cruzarem meu caminho.

E tudo isso para depois dar uma risada e perceber que estou mais uma vez criando um personagem, que junto com outros tantos, um dia irá ser esquecido em um canto qualquer da minha memória.


Por: Rimini Raskin



2 comentários:

  1. Este texto me incomodou.
    Incomodou muito, principalmente, por não saber qual das linhas, senão todas, me incomodou mais.

    Mas me completo assim:
    Eu tenho inveja dos "ignorantes", medo dos "sabetudo", admiração pelos "loucos" e pena dos "normais"...

    Abraços do Elfo! `^^´

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  2. "Poder ser e não querer, sonhar com a normalidade enquanto a maioria busca o diferencial"

    N saberia nem por onde começar pra tentar explicar o que essa frase significa pra mim. Me vejo nela e ao mesmo tempo não. Seria hipócrita se eu não dissesse que alguma vez já n desejei ser normal. Mas seria tão hipócrita quanto se dissesse que nunca senti pena de um ser normal. Eu não poderia ser e não quero ser. Mas confesso que se pudesse, eu quereria. Ser ignorante me parece doer menos que ser perceptivo e conclusivo. Enfim...

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