Quando a palavra saiu do papel e se afastou
da margem
do poema
a face atônita do cotidiano
se desprendeu da prosa
e mergulhou nas sombras
de um poema qualquer
vagabundo e inútil
como este aqui
como eu me lembro daquele dia!
a palavra se ia
cada
vez
mais
longe
e fugaz...
e o poema resistia
tão teimoso que era.
e o poeta já se sentia
o rei! o rei! o rei da poesia!
na ausência da palavra
o poema era um espasmo!
era uma esfera de chumbo
rolando no tapete
entre bolas de cabelo
e pedaços de unha e poeria!
ao longe uma larva verde
com sua grotesca garganta
gritava:
vanguarda! vanguarda!
prendam aquela palavra!
mas a palavra longínqua e pequena
rolou de poema em poema
anêmica e enfraquecida
e por si-só tombou no meio da rua
(a saber: a larva era a lua)
o poema ria-se todo
mas seu torto riso besta
teve que conter
pois a aguerrida palavra
reuniu todas suas forças
armou-se até os dentes e,
cabi
s
baixa
à
margem
retorna
cortês
e formal
como deve ser
Por: Levi Branco
valeu pela força!
ResponderExcluirtem mais desses aqui:
http://iluminuracoes.blogspot.com/
Descobri tuas linhas em uma comunidade sobre Kerouac, mais especificamente com teu poema em homenagem ao Ginsberg. Fiquei impressionado, já li praticamente todo teu blog. Tem bastante força nas tuas linhas.
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