Eram tempos difíceis
quando não se tinha
nem ao menos se podia
Aqueles sim, eram tempos difíceis
Eu o escutava chorar baixinho
para que os filhos não pudessem
nem sentissem que talvez...
Aqueles eram tempos difíceis
Ela enlouqueceu e
coube a nós segurar a barra
de mãos amarradas
e o mesmo sapato por mais de um ano
O mais novo não podia
Não havia como deixar de querer
Até o mais velho, em segredo,
queria ao mesmo tempo que
Aqueles sem dúvidas, eram tempos difíceis
E se aprende que o rosto já não sangra
depois de algum tempo fazendo a barba
com uma navalha cega
E ficamos bons em fingir
E ainda melhores em beber
Mas se ainda podemos lembrar,
é porque não faz, ao todo, parte do passado
Foram tempos difíceis aqueles,
Quando até o diabo cogitava vender a alma à deus
para levantar alguns trocados...
Por: Rimini Raskin
Interessante como teus poemas a cada dia ganham características mais e mais peculiares. É como se eu pudesse ver um amigo escritor que finalmente encontrou o seu traço nas suas escritas. Isso, acredito eu, é bom, pois tornam as palavras reconhecíveis em qualquer parte. Não necessariamente palavras claras aos meus olhos. Um pouco triste para mim, que passo a compreendê-las com menos clareza do que antes. Pois, talvez, não conheça tais sensações ainda. Ou, quem sabe, tuas palavras estajam cada vez mais recheadas de falsas pistas - ou eu realmente um cego para entender suas profundidades. Parabéns por eu poder dizer que essa escrita é tua e inconfundível. Poucos conseguem isso. Abraço.
ResponderExcluirMuito obrigado pelas palavras, Rogers. Tu sabe bem (ou ao menos deveria saber) o peso que tua crítica tem no meu processo de crescimento. Eu acho que precisei de uma máscara para falar a verdade, um personagem falando de mim mesmo com conhecimento de causa. Eu estava agonizando na busca de um estilo nos últimos 3 anos. Então parei, pensei, e o que pode ser mais autêntico do que ser honesto? Desde então, é basicamente isso que tenho feito, sendo honesto. Mais uma vez, muito obrigado!
Excluir