Na garganta dos homens era graxa
Nas mãos dos meninos feito homens eram facas
artesanais
Era plástico quente e moinho
Nos corpos cansados
eram costelas quebradas
cortes, pontos e unhas arrancadas
Era água ácida arrancando a pele das mãos
Choro e cigarro
e pressa,
e pressa,
e pressa
Risadas para compensar
overdoses de remédio para aliviar
o caos organizado
Desacelere se não te derem luvas
E o frio da estanqueidade
O calor das soldas
e dos monstros de metal cuspindo lava negra
aconteceria algo
Eles não esperavam
e por isso aconteceria algo
Dos murmúrios surdos
haveriam aqueles para se impor
Para boicotar suas produções de coisas
produtos que nenhum de nós conseguiria comprar
Eles não acreditaram
Eram tantos sorrindo
que eles não acreditaram
Das revoltas de vestiário
nasciam as pausas
E quando o sol nascia pela janela
alguns sentiam o que eles não acreditaram
Das brincadeiras Chaplinianas
ao revezamento para tomar café
Eram tantos pensando
que eles não acreditaram
Não se enganem
não existia romance nesses dias
Não era bonito acordar cansado
ou sentir dores da manhã à noite
Nós víamos a dor
Mas para eles eram cestos vazios
Nós tentávamos alertar
Mas para eles eram números caídos
Um a um
sentamos à mesa
e despejamos o que queríamos
Mas não ouviram
e nos deixaram com tantas marcas
que nem mesmo eles poderiam um dia acreditar
Por: Rimini Raskin
Eu acredito. E vejo.
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