terça-feira, 13 de março de 2012

Naquela linha o perigo não era o trem



Na garganta dos homens era graxa
Nas mãos dos meninos feito homens eram facas
artesanais
Era plástico quente e moinho

Nos corpos cansados
eram costelas quebradas
cortes, pontos e unhas arrancadas
Era água ácida arrancando a pele das mãos

Choro e cigarro
e pressa,
e pressa,
e pressa

Risadas para compensar
overdoses de remédio para aliviar
o caos organizado

Desacelere se não te derem luvas

E o frio da estanqueidade
O calor das soldas
e dos monstros de metal cuspindo lava negra

aconteceria algo
Eles não esperavam
e por isso aconteceria algo

Dos murmúrios surdos
haveriam aqueles para se impor
Para boicotar suas produções de coisas
produtos que nenhum de nós conseguiria comprar

Eles não acreditaram
Eram tantos sorrindo
que eles não acreditaram

Das revoltas de vestiário
nasciam as pausas
E quando o sol nascia pela janela
alguns sentiam o que eles não acreditaram

Das brincadeiras Chaplinianas
ao revezamento para tomar café
Eram tantos pensando
que eles não acreditaram

Não se enganem
não existia romance nesses dias
Não era bonito acordar cansado
ou sentir dores da manhã à noite

Nós víamos a dor
Mas para eles eram cestos vazios
Nós tentávamos alertar
Mas para eles eram números caídos

Um a um
sentamos à mesa
e despejamos o que queríamos

Mas não ouviram
e nos deixaram com tantas marcas
que nem mesmo eles poderiam um dia acreditar


Por: Rimini Raskin

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