Não sei bem se posso chamar de lembrança algo que ainda parece vivo.
Nunca pensei poder sentir os extremos com tanta facilidade.
Te ver me alegra e me transtorna,
Teu novo sorriso carrega algo de falso.
Algo de outra pessoa, quase como uma máscara.
Oh pequena Amelie de nossos primeiros tempos,
Como podes dissimular o que bem sei que sentes?
Acaso não seria o mesmo que eu sinto?
Olhar para ti como meu espelho feminino me causa vertigem,
Confesso-lhe que uma queda livre me seria menos intensa.
Toda essa cidade, todas essas ruas nos pertencem de algum modo.
Cada esquina possui uma conversa gravada,
Um gesto feito ou um sorriso de plenitude.
Nossos rostos estão tatuados em cada muro.
Lembrarte é uma aventura para os sentidos,
Um gosto, um som, um cheiro ou uma cor ou todos eles.
Sim, todos eles somos só nós dois.
Como fui imaturo, que criança geniosa fui.
Pulando de colo em colo para me sentir pleno.
Buscando em outro peito a dor que não encontrava no teu.
É ironico como o mesmo espirito poético que te aproximou, acabou por afastarte.
Afastarte de meu físico é claro, pois em meu coração cravaste tuas unhas de maneira tão violenta que jamais conseguiria soltá-las.
Sou um covarde, eis os fatos.
Um covarde capaz de admitir a maravilha que viveu,
Mas incapaz de se entregar a ela totalmente.
Não te mereço por mais que te queira.
Mas sem ti não sou completo, e nem tu completa serás. Disso bem o sabes.
Oh pequena princesa de coração bondoso e gênio egoísta.
Que mais posso-te dizer além de que te amo?
Escrevo teu nome de boneca em folhas arrancadas do pequeno livro da vida.
Quando durmo é a tua pele que sinto abraçar-me.
Não confundiria teu cheiro mesmo entre um milhão de perfumes.
És meu ideal de hedonismo..
O tesouro que minha covardia impede de tocar.
Por: Rimini Raskin
Por: Rimini Raskin
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