domingo, 12 de julho de 2009

O QUARTO





Uma cama de solteiro.
Branca e barulhenta.
Uma estante pintada com giz de cera,
Verde e laranja com espirais e um toca discos.
Um roupeiro para dois.
Uma televisão que não funciona.
Outra estante,
Mas esta para guardar livros.
Colocada sobre um tapete comprido
para proteger o chão de madeira marrom encerada.
Um elefante triste apoiado sobre suas pernas quebradas
olha para um abajur de louça muito antigo.
Os posters parecem velar os sonhos.
E as mulheres do quadro, muito tempo
resolveram dar as costas aos companheiros de ambiente.
Estão mais interessadas em recolher gravetos secos.
Para não se sentirem sozinhas, ficam o tempo todo de mãos dadas.
Talvez só o esqueleto colorido ainda ache graça da situação.
Sinto inveja, mas só as vezes.
O fato de ser de cartolina não o incomoda.
As vezes acho até que ele gosta de se sentir tão leve.
Mas o que mais gosta mesmo,
é o fato de ser tão lindamente articulado por cordinhas.
Isso permite que ele dance ao ritmo do ventilador.
Balançando suas pernas verdes e compridas pelo ar.
É engraçado, mas ele adora tudo no quarto.
Bem, quase tudo.
Afinal ainda não acostumou com o desconfortável
percevejo cravado na cabeça.
A vida das coisas é como a vida das pessoas,
Curta, agitada e ao mesmo tempo vazia.
E apesar dos percevejos na cabeça,
todos nós ainda podemos sorrir como o esqueleto.
Afinal a vida sempre vai ser estranhamente bela
para quem pela beleza procura.

Por: Rimini Raskin

Um comentário:

  1. "A vida das coisas é como a vida das pessoas.
    Curta, agitada e ao mesmo tempo tão vazia"

    Mas sempre poderá ser cheia e preenchida

    "Afinal [...] Estranhamente bela para quem pela beleza procura."

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