Um vírus de efeitos progressivos.
Sem cura e sem tratamento.
Sinto dores terríveis, mas as vezes,
Sensações maravilhosas de meu corpo se apossam.
Médicos não poderiam explicar.
Nem mesmo as religiões.
Remédios e rezas sempre se mostraram inúteis.
Não carrego marcas visíveis, mas as vezes,
É como se o mundo pudesse ler em meu rosto
Essa incompreensível doença.
Não existe contágio.
Salvo em alguns casos especiais,
Com pessoas que já levam o vírus incubado dentro de sí.
Não sei quanto tempo ainda tenho pra viver,
Talvez por isso os efeitos se agravem com maior velocidade.
É a dúvida que me corrói,
A incerteza de não existir certeza.
Não existe um nome específico para essa enfermidade.
A medicina chamaria de imperativísmo,
As religiões listariam motivos,
chamariam de encosto, falta de fé.
E talvez até tentariam me curar
Com banho de ervas ou exorcismo.
Eu sinceramente,
morreria rindo agradecido por todo esforço.
Essa mutação é parte de mim.
Esse cérebro de atividade alterada.
Essa alma fujona.
Esse sou eu.
Incurável.
Incostante.
Inconformado!