sábado, 26 de maio de 2012

Minha Boêmia (Fantasia)





Lá ia eu, de mãos nos bolsos descosidos; 
Meu paletó também tornava-se ideal; 
Sob o céu, Musa! Eu fui teu súdito leal; 
Puxa vida! A sonhar amores destemidos! 

O meu único par de calças tinha furos. 
- Pequeno Polegar do sonho ao meu redor 
Rimas espalho. Albergo-me à Ursa Maior. 
- Os meus astros nos céus rangem frêmitos puros. 

Sentado, eu os ouvia, à beira do caminho, 
Nas noites de setembro, onde senti tal vinho 
O orvalho a rorejar-me as fronte em comoção; 

Onde, rimando em meio à imensidões fantásticas, 
Eu tomava, qual lira, as botinas elásticas 
E tangia um dos pés junto ao meu coração!






Por: Arthur Rimbaud

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