Assassino! Monstro! MORTE!!!
Sim, morte.
É isso que eles querem, o doce espetáculo do fim da vida...a morte!
A multidão adora, aquela raiva misturada com euforia, o desespero estampado na cara do condenado, o suor que lhe escorre gelado pelo rosto.
Coitado? Sim, por que não?
Culpado? Talvez.
Mas como talvez?
A justiça não mostrou a verdade.
Mas a troco de que mentiriam?
Incompetência? Engano? Pressão???
Ah, a pressão, afinal a vítima era rica, poderosa.
A "justiça" deve ser rápida, eficiente.
...Dinheiro, pressão...
O tempo está passando e a família quer resultados...VINGANÇA!
Sim, é isso que eles querem, uma fria e sórdida vingança...seja qual for, com quem for...alguém tem que pagar.
Mas entre muitos suspeitos e poucas provas, a "lei" não obtêm respostas conclusivas.
Oh! E agora? O quê fazer?
Dizer desculpe mas falhamos?
NÃO! Nada disso, a justiça não falha!!
Eles pensam, pensam...a família pressiona, pressiona.
E então, como uma inspiração divina eles chegam a uma conclusão!!
"Bravo! Bravíssimo! Eles não falham mesmo!" - pensa o povo.
Será mesmo?
É simples, queriam um culpado não é? Eles lhe darão um culpado!
Um garçom, um pai de família, um preto,
É isso que eles querem, o doce espetáculo do fim da vida...a morte!
A multidão adora, aquela raiva misturada com euforia, o desespero estampado na cara do condenado, o suor que lhe escorre gelado pelo rosto.
Coitado? Sim, por que não?
Culpado? Talvez.
Mas como talvez?
A justiça não mostrou a verdade.
Mas a troco de que mentiriam?
Incompetência? Engano? Pressão???
Ah, a pressão, afinal a vítima era rica, poderosa.
A "justiça" deve ser rápida, eficiente.
...Dinheiro, pressão...
O tempo está passando e a família quer resultados...VINGANÇA!
Sim, é isso que eles querem, uma fria e sórdida vingança...seja qual for, com quem for...alguém tem que pagar.
Mas entre muitos suspeitos e poucas provas, a "lei" não obtêm respostas conclusivas.
Oh! E agora? O quê fazer?
Dizer desculpe mas falhamos?
NÃO! Nada disso, a justiça não falha!!
Eles pensam, pensam...a família pressiona, pressiona.
E então, como uma inspiração divina eles chegam a uma conclusão!!
"Bravo! Bravíssimo! Eles não falham mesmo!" - pensa o povo.
Será mesmo?
É simples, queriam um culpado não é? Eles lhe darão um culpado!
Um garçom, um pai de família, um preto,
um pobre coitado que saía do trabalho na hora do crime.
O público vibra, afinal, para quê provas? O importante é que alguém pague.
E ironicamente, a culpa cai mais uma vez no alvo favorito da lei, um pobre!
Coincidência? Será?...acredito que não!
Ele é condenado à morte!
A família da vítima chora de alegria, em seus pensamentos um único desejo...morte!
A execução já foi marcada, é o fim.
A televisão transforma o acontecimento em espetáculo!
O maravilhoso show da hipocrisia, da vergonha!
A execução será em praça pública, enforcamento...para lembrar os velhos tempos, sabe?
A imprensa chega cedo, brigam, se acotovelam por um lugar mais perto do palco.
Querem filmar bem de pertinho, querem registrar o medo dentro dos olhos do condenado.
O povão não demora para lotar a praça, estão eufóricos, gritam palavras de ódio, erguem faixas com mensagens de "justiça", todos querem aparecer na TV.
E então um apresentador, tipo esses de circo mesmo, entra no palco anunciando a barbárie.
Incita a ira da multidão contra o condenado, espalha sorrisos e atira brindes ao "respeitável" público.
"Tragam o assassino!" - Grita ele.
A multidão vibra como final de copa do mundo de futebol!
E preso à algemas, empurrado por guardas, entra um senhor magro, de olhar amedrontado
e pele castigada pelo trabalho pesado.
O povo grita, xinga, humilha um pobre pai de família. Eles querem ver o que lhes foi prometido...a morte!
O condenado olha para a família da vítima, eles parecem felizes, sentados na primeira fila, na altura dos olhos do futuro enforcado.
Ele olha para o público e vê animais...NÃO...animais não seriam tão cruéis, ele vê a decadência humana no seu nível mais crítico. Alí, bem na sua frente, vibrando pela morte de um irmão.
"O show deve continuar!" - Continua o apresentador.
E então os guardas passam a corda ao redor do pescoço de João.
...SIM!...um simples João, um joão ninguém, o fiel retrato da displicência brasileira.
Ele está lá, a um passo da morte, a um passo do acerto de contas com a sociedade, desesperado, morto de medo, a sua vontade é de chorar...mas não!
Ele não derrama uma só lágrima. O público vibra, xinga, grita, mas ele não chora.
...Isso mesmo João, não de esse prazer a eles!!...
Mas a hora chega, os tambores rufam, o publico fica mudo.
João segura firme, engole seco, e vê sua última imagem...o último retrato antes do golpe fatal!
Ele vê sua mulher abraçada com seus dois filhos, e só então deixa cair uma única e última lágrima.
A multidão volta para casa satisfeita. Aplaudem, se abraçam, alguns até gritam: "Hoje foi feita a justiça!"
A família da vítima faz questão de cumprimentar desde o secretário de segurança até o apresentador do espetáculo. E para demonstrar toda sua gratidão, convidam os competentes agentes da lei para um grande banquete com música e fogos!
Na praça fria e silenciosa restaram apenas três fantasmas, três espectros indigentes com lágrimas nos olhos.
Uma vez me falaram que não há nada mais apavorante do que os olhos de um homem que sabe que vai morrer! - Concordo. Agora, em casa, ligo a TV e acendo um cigarro antes de adormecer assistindo um programa de humor qualquer.
O público vibra, afinal, para quê provas? O importante é que alguém pague.
E ironicamente, a culpa cai mais uma vez no alvo favorito da lei, um pobre!
Coincidência? Será?...acredito que não!
Ele é condenado à morte!
A família da vítima chora de alegria, em seus pensamentos um único desejo...morte!
A execução já foi marcada, é o fim.
A televisão transforma o acontecimento em espetáculo!
O maravilhoso show da hipocrisia, da vergonha!
A execução será em praça pública, enforcamento...para lembrar os velhos tempos, sabe?
A imprensa chega cedo, brigam, se acotovelam por um lugar mais perto do palco.
Querem filmar bem de pertinho, querem registrar o medo dentro dos olhos do condenado.
O povão não demora para lotar a praça, estão eufóricos, gritam palavras de ódio, erguem faixas com mensagens de "justiça", todos querem aparecer na TV.
E então um apresentador, tipo esses de circo mesmo, entra no palco anunciando a barbárie.
Incita a ira da multidão contra o condenado, espalha sorrisos e atira brindes ao "respeitável" público.
"Tragam o assassino!" - Grita ele.
A multidão vibra como final de copa do mundo de futebol!
E preso à algemas, empurrado por guardas, entra um senhor magro, de olhar amedrontado
e pele castigada pelo trabalho pesado.
O povo grita, xinga, humilha um pobre pai de família. Eles querem ver o que lhes foi prometido...a morte!
O condenado olha para a família da vítima, eles parecem felizes, sentados na primeira fila, na altura dos olhos do futuro enforcado.
Ele olha para o público e vê animais...NÃO...animais não seriam tão cruéis, ele vê a decadência humana no seu nível mais crítico. Alí, bem na sua frente, vibrando pela morte de um irmão.
"O show deve continuar!" - Continua o apresentador.
E então os guardas passam a corda ao redor do pescoço de João.
...SIM!...um simples João, um joão ninguém, o fiel retrato da displicência brasileira.
Ele está lá, a um passo da morte, a um passo do acerto de contas com a sociedade, desesperado, morto de medo, a sua vontade é de chorar...mas não!
Ele não derrama uma só lágrima. O público vibra, xinga, grita, mas ele não chora.
...Isso mesmo João, não de esse prazer a eles!!...
Mas a hora chega, os tambores rufam, o publico fica mudo.
João segura firme, engole seco, e vê sua última imagem...o último retrato antes do golpe fatal!
Ele vê sua mulher abraçada com seus dois filhos, e só então deixa cair uma única e última lágrima.
A multidão volta para casa satisfeita. Aplaudem, se abraçam, alguns até gritam: "Hoje foi feita a justiça!"
A família da vítima faz questão de cumprimentar desde o secretário de segurança até o apresentador do espetáculo. E para demonstrar toda sua gratidão, convidam os competentes agentes da lei para um grande banquete com música e fogos!
Na praça fria e silenciosa restaram apenas três fantasmas, três espectros indigentes com lágrimas nos olhos.
Uma vez me falaram que não há nada mais apavorante do que os olhos de um homem que sabe que vai morrer! - Concordo. Agora, em casa, ligo a TV e acendo um cigarro antes de adormecer assistindo um programa de humor qualquer.
Por: Rimini Raskin
"O Maravilhoso show da hipocrisia,da vergonha!"
ResponderExcluirÉ a frase que define não só estes tipos de acontecimento mas também todos os outros tristes hábitos que nossa amável sociedade pratica. Não tendo uma forma de se verem livres da própria infelicidade, preferem divertir-se as custas das tragédias alheias.
Mesmo que o sujeito fosse culpado, ainda assim, comemorar sua morte, seria como contemplar a maldade.
Entristeço-me pela tristeza.
Comemoro a vida, a paz e o amor.