quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Lembre-se de um dia



Lembre-se de um dia anterior ao hoje.
Um dia quando você era jovem.
Livre para brincar sozinho com o tempo.

A noite nunca vinha!

Cante uma melodia
que não pode ser cantada sem beijos matutinos.
Rainha!
Você poderá ser o que desejar
Procure por seu rei

Por que não podemos brincar hoje?
Por que não podemos ficar daquele jeito?

Suba na sua macieira predileta,
Tente capturar o sol,
Esconda-se da arma do seu irmãozinho,
Sonhe contigo ausente!

Por que não podemos alcançar o sol?
Por que não podemos soprar os anos para longe?

Soprar para longe
Soprar para longe
Lembre-se
Lembre-se


Por: Richard Wright

sábado, 25 de dezembro de 2010

Uterino



Há, de fato, uma foto,
um furto e um feto.
Um O e um F.
Fosco, faminto.
Na janela de vida, no tubo de vidro;
A foto de um fato, furtivo,
Como o som e a magia de Fito.
O Um e o Infinito.


Por: Rimini Raskin

domingo, 19 de dezembro de 2010

As vezes cansa


Parece sempre que uma peça caíu atrás do armário pesado.
A última peça.
A que completa.

Me falta força.
Um par de braços extras talvez.
Me falta o básico.
Um par de olhos novos também.

Me falta tato.

Me falta gosto.

Falta eu me sentir único de novo!


Por: Rimini Raskin



quarta-feira, 8 de dezembro de 2010



Da tua pálida carícia envenenada
me sobrou a cicatriz.
E o perfume do azeite que usavas
dorme preso sobre mim.

Vou de noite, vai por ti a madrugada.
Por teu sol minha lua ardente
vai chorando lágrimas de água salgada
que não pode reprimir...

Flui em mim, flui em mim o desejo
de sentir-te a meu lado.
Flui em mim, flui em mim o desejo
de exigir-te amor.

De tua polida língua envenenada
Roubei a inspiração
para logo falar-le ao mar do teu olhar
e do fogo em meu interior.

Sou a água que na fúria se desgasta.
Em meu ser já não há mais força
Me vou lenta a morrer sobre a praia
e me afasto com amor.

Flui em mim, flui em mim o desejo
de sentir-te a meu lado.
Flui em mim, flui em mim o desejo
de exigir-te amor.


Por: Ely Guerra

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Por aí



Sabendo somente o que não quero,
procuro experiências de tempo limitado.

Cafés e bares e cigarros.

Atrás de sonhos de pessoas que suspirem arte,
De amores incompletos,

Sorrisos e lágrimas e loucuras sem espaço.

Por aí, eu!

Buscando criminosos do pensar
em gravuras sem traçado.


Por: Rimini Raskin

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cantinho no mundo


Te busco em horas de tristeza.
Mas também em meus momentos de leveza
à teu encontro me lanço
com egoísmos líricos de fim de tarde.

Amo tuas sombras e tuas brisas confortantes.
Mas também tuas personagens ambulantes
de charmes eloquentes e estéticas retroativas.

És meu cantinho no mundo.
Um tesouro valioso que divido
apenas com almas sedentas,
que buscam em tua beleza
uma paz necessária!


Por: Rimini Raskin







terça-feira, 2 de novembro de 2010

Poema

Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás

Por: Cazuza / Frejat

Ensaio Sobre a Tristeza


Desconfio de todo tipo de felicidade que pese menos de 1g, mas frequentemente às aceito.
Me traí ao tornar-me uma criatura desejável e ajustada de forma doente ao teatro de aparências.
Não estou feliz, minha piada é química, meu groove é sincero mas a risada é fraudada!
Vejo corações seguindo novos caminhos, abraços afrouxando e sorrisos cada vez mais irreconhecíveis ... mas me sinto feliz, os vejo felizes e é isso que importa!
Só queria fechar os olhos e acordar no meu cantinho predileto do mundo!
Escrevendo, bebendo ... observando as personagens que sem pressa completam a noite!
Vejo o Esqueleto se tornar um rascunho da insanidade feia daquela que me habita e me destruo por isso.
E é triste como o sono, o dia de sol e as ruas de algodão cabem em algo tão pequeno quanto um comprimido.
É triste e é sujo ver toda arte arrastar-se por dedos cobertos de lama.
Me deixem ficar triste, e peço que não façam piadas sobre a voz que me consola e muito menos sobre as imagens que transporto.
Não lhes devo nada, e se devo, as linhas devem servir de satisfação!
Dói mais à noite...mas há de passar...
Como a água com sono, a água com luz e a água com algodão sob meus pés!

Por: Yuri Pospichil (e aquela que o habita)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Para Quando Caem as Cortinas


Sempre que mentires, rogo-te que vista o veneno
com seda nobre e ouro vivo,

Que me olhes com doçura
enquanto seguras o punhal em tuas costas

E que de mel embeba tuas palavras de despedida.

Faça-me morrer com arte e pela arte,
Por que já pouco importa se de luxo é teu teatro,
Ou que teu ouro e tua seda se revelem cópias ordinárias
da beleza de outrora.


Desejo apenas que me faças crer!

E por fim, em paz,
Entre aplausos inflamados
desvanecer.


Por: 
Rimini Raskin

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Acontece

Ohavam-se no espelho do teto, cansados e satisfeitos.
Mariane sorria para um Julian que sorria por retribuição enquanto trocava alguns beijos um tanto mornos e carinhos quase mecânicos.

- Dois anos hein, Julian?

Disse a garota com o sorriso ainda no rosto.

- É, dois anos.

Respondeu Julian em tom enigmático, carregado de significados ocultos.

- Sabe seu chato, as vezes tu me irrita muito, mas compensa na cama, não posso reclamar.

Continuou Mariane, rindo e tocando o namorado com malícia.

-Pelo menos isso né?

A menina estava tão satisfeita que não notaria o sarcasmo na voz de Julian que p
egava um cigarro e levava à boca.

- Odeio que tu fume, já te falei isso mil vezes, poxa.

Mariane completou a frase arrancando e jogando no chão o cigarro.

- Não estraga tudo, Julian. Não faz coisas pra me estressar.

Ele não respondeu nada, voltou a deitar a cabeça no travesseiro e fitar o espelho sobre os dois.
Mariane deitou a cabeça no peito do namorado e principiou algumas carícias.

- Julian...

- Quê?

- Do que tu tem mais raiva?

Por um instante Julian olhou sorrindo para Mariane, não entendia o por quê da pergunta, pelo menos não naquele instante.
Os dois nus, cobertos apenas por um lençol, e de repente aquela pergunta descabida de motivo aparente.

- Por que essa pergunta?

- É só uma pergunta. Pensei nisso agora.

- Tá! Mas como chegou a esse pensamento?

- Não interessa, Julian! Só responde, que saco.

Assustado com o tom da namorada, ele tenta se explicar, mas é surpreendido por uma gargalhada infantil que explode em Mariane.
Sorriu confuso para a garota e continuou sem entender nada.

- E ai? Vai me responder ou não?

- To tentando pensar em algo que me irrite...

- Ai, Julian! Tu parece um monge, leva duas horas para pensar nisso. Todo mundo sente raiva
de um monte de coisas, escolhe uma e fala.

- Tá, espera, enquanto eu penso me diz tu o que te deixa com raiva.

- Essa é fácil, gente que questiona ou leva duas horas pra responder minhas perguntas.

E novamente Mariane cai na gargalhada, só que dessa vez seguida de mordidas e cócegas no namorado bravo pela brincadeira.

- Deixa de ser velho, Julian...

- Não sou velho, to pensando. Todo mundo parece mais velho quando pensa, olha aquelas estátuas gregas, já viu alguma escultura de pensador jovem?

- Ok, Julian. Mas não queira comparar os pensamentos né?

- Claro que não, até porque nenhum deles deveria ter uma namorada fazendo perguntas bestas depois do sexo...

Antes de terminar a frase o garotão já sabia que havia pego pesado com Mariane.
E o soco que levou no peito só confirmou o que já era uma certeza.

- E quando nosso filho te perguntar alguma coisa? Vai ficar igual um mongolão pra responder?

- Agente não tem filho, Mariane.

- Ainda não, Julian..."ainda"!

- Tu acha que ser mãe é fácil...

- E o que tu entende de mãe?

- Eu tenho uma.

- Há, baita exemplo!

Completou Mariane com deboche.
Mas Julian novamente não retrucou, pegou o controle e ligou a TV do quarto.

- Ah não, Julian! Tv não, por favor! Poxa, custa curtir esse momento comigo? É nosso aniversário se é que tu não se lembra!

Pegou o controle da mão do rapaz e desligou o aparelho.
Julian não se mostrou nem um pouco abalado, olhou pela janela e se manteve calado.
Mas Mariane retomou a conversa:

- Já pensou?

- No quê?

- Como no quê, Julian? Na minha pergunta sobre a raiva.

- Nem lembrava.

A namorada possuída dispara palavras furiosas com o olhar fixo em Julian que não perde o ar sereno:

- Olha aqui, guri! Eu só te perguntei uma coisa, quando eu faço isso, a única coisa que eu espero é uma resposta. Não quero um tratado filosófico, só a merda de uma resposta, e nem isso tu consegue me dar, seu inútil.

Silêncio, o namorado sequer a olha.

- Que droga, Julian. Tu consegue sempre ferrar com tudo. Pelos menos olha pra mim quando eu falo, fica aí com essa cara de idiota ouvindo tudo calado.

Novamente o silêncio, Mariane parece não acreditar, torna a deitar, morrendo de raiva.
Coloca o travesseiro sobre o rosto e sente ganas de gritar, só não faz porque é interrompida pela voz calma de Julian :

- Já caminhou na Praça XV em dia de chuva?

- Já. E o que isso tem a ver?

Respondeu a namorada quase sem ânimo.

- Então sabe que tem umas lajotas soltas no chão, não sabe?

Pausou a frase e olhou para o rosto confuso de Mariane que esperava sem entender onde aquela história iria chegar.

- E aí? Sabe ou não sabe que tem as lajotas soltas?

- É claro que eu sei, Julian!

- Pois é, aquelas lajotas juntam água e terra embaixo delas.

Terminou a frase e voltou a ficar calado diante da cara de incrédula da moça que sem entender mais nada, implorava por uma explicação:

- Julian, pelo amor de deus, o que isso tem a ver com a nossa briga?

- Com a briga, nada.

...


- Então por quê tu ta falando dessas malditas lajotas com água embaixo, criatura?

- Porque quando tu pisa nelas, respinga barro nas calças ... e isso me dá raiva!


Julian levantou-se e juntou o cigarro que estava no chão, acendeu-o enquanto vestia-se diante dos olhos atônitos de Mariane que ainda o acompanharam ligar a TV e colocar uma nota
de R$ 50,00 sobre a mesinha ao lado da cama.

- Pra quê esse dinheiro?

- Pro teu taxi...to apaixonado por outra!


Por: Yuri Pospichil


domingo, 3 de outubro de 2010

Azul

Tenho medo que o tempo venha e me coma.
Tenho medo que o vento roube minha voz.
Tenho medo que eles me vejam triste.

É por isso que eu não quero sair.

Tenho medo que abram a porta do banheiro.
Que me vejam nú e dêem a volta.
E se fico comendo, aumenta meu peso

É por isso que eu não quero sair;
É por isso que eu...

Mamãe me espere,afaste-se de mim,
Deixe-me cair,deixa-me sair.
Mamãe espere-me,afaste-se de mim,
Deixe-me cair, deixe-me sair.

Aaaa...

Tenho medo que alguém me roube à noite,
Que a casa queime ou que haja fantasmas.
Escrever mais cartas, perder palavras.

É por isso que eu não quero sair.

Tenho medo de um dia perder meus dedos,
Não ter mais amigos que riam comigo,
Escorregar no gelo e cair no rio.

E é por isso que eu não quero sair;
É por isso que eu não quero sair.

Mamãe espere-me,afaste-se de mim,
Deixe-me cair, deixe-me sair.
Mamãe espere-me,afaste-se de mim,
Deixe-me cair, deixe-me sair.

Tenho medo de ti e da tua voz.
Tenho medo de ti e do teu amor.
Medo que no meu campo deixem de crescer
Flores de cor azul, azul, azul, azul.


Por: Natalia Lafourcade

sábado, 2 de outubro de 2010

A Maçã

Amaldiçoado sou ao sonhar com o cheiro da carne.

O desejo que me fascina e mata,

Fazendo reviver a lembrança



Pois é certo,



Haverá em cada hora vivida uma saudade

E em cada minuto esquecido, um vazio...



Amaldiçoado sou por ser 'vivo'

E abençoado por viver.



Que o cheiro suave persista

Até quando eu não possa mais saber



Para que assim, na luz de um tempo imprevisto,

Possamos gozar de tal fruto

E de sua fonte eterna beber.



terça-feira, 28 de setembro de 2010

A Ponte

Há algo errado, definitivamente alguma coisa morreu.
Me sinto desconfortável
e cada vez com menos vontade de fingir.

Não estou feliz, não suporto minha própria imagem,
Já não choro, não perco o sono e não sinto sequer a tristeza.
Estou dormente, gelado, cansado demais das mesmas coisas,
mesmas roupas e mesmas vozes.
Tornei-me sombra, cria do vazio.
Não há amor, nem ódio,
nem mesmo nuvem que esconda o sol.

Há amigos, uma familia desmoronando,
um trabalho que me faz querer morrer de tédio
e um album de sonhos antigos.
Não existe crise existencial e esse é o problema.
O que me deprime é saber quem sou, quem fui e o que tenho.
Já fui criança e não sinto falta,
já fui adolescente e quis crescer,

Agora sou adulto e não vejo diferença.
Fui o idiota mais esperto da turma
e mesmo assim de nada valeu.

Aproveitei os meios e conheci
os finais mais cedo do que queria.

Não serei levado à sério porque um dia quis assim.
Não serei levado à tona,
pois à ninguém interessa o meu naufrágio.

Todo esse mar de sentimentos de amizade
e meu coração segue razo,

Toda essa fogueira de amores e minha chama tão gelada.
Talvez me falte vontade, me falte paixão pela vida,
E antes que venham me falar sobre
o quanto todos gostam de mim,

Saibam que eu sei muito bem disso e agradeço.
Mas de uma forma ou de outra, já não vejo graça.
Tudo voltou às telas, às páginas e à imaginação,
As novidades se repetem,
as pessoas desvanecem, e mais do que isso,

Me tornei desinteressante à meus próprios olhos.
Talvez o problema nem seja o desânimo,
nem a tristeza e nem a saudade.

O que eu sinto é o vazio do olhar para o nada,
é o pensar à esmo e correr em vão.
Gritar por dentro para que não ouçam,
Gritar até ficar rouco e calar a alma.
Ver todos com tanta pressa e sentir vergonha
de pedir um abraço para alguém que talvez possa remendar
o filho da puta que fui a vida toda.
Mas peço que não tente entender, no fim não há culpados.
E as coisas acabam por retornar ao começo.

Por: Rimini Raskin


P.S.: O que me dá mais medo é saber que não tenho mais 16 anos e minhas mãos não tremem tanto!

sábado, 18 de setembro de 2010

Espera

É a ti, personificação de Helena,
Que de assalto capturou minha atenção com sorrisos alvos!
É a ti, exemplo do que é belo,
Que direciono hoje minha canção!

Ainda que me falte a coragem do jovem Paris,
Ponho-me a sonhar com teus cabelos que do sol,
como mágica, roubam o brilho.
E com a elegância de teu corpo, que qual Euterpe,
Fazes de ti um encanto à meus olhos mortais.

E talvez por capricho, os deuses cansados pelo tédio da imortalidade
Fazem de meu coração um tabuleiro.
Obrigam-me a sofrer por semanas essa dúvida.
Por medo de perder-te, busco-te até nos lugares mais improváveis,
Mas é como fantasma, tal como miragem,
Que tua presença se oculta sempre à minha procura.

Oh linda Helena, seriam os céus capazes de negar-me tua presença?
Seriam os deuses sádicos a este ponto?

Rogo à Khronos que se faça veloz, e nessa velocidade,
Me traga a surpresa de teu rosto à sorrir!


Por: Yuri Pospichil

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Extremo

"A simples idéia de poder ser tudo,
me basta para desejar o contrário.

E feito isso, me ponho à provar outra vez que sou capaz de ser
o que nenhum outro jamais ousou sonhar."

Por: Rimini Raskin


O Barqueiro

Despediu-se entre acenos emocionados
vindos do outro lado da cortina de transparência enfumaçada.
Achou divino apesar de tudo, afinal por que não estaria feliz?
E assim se foi, com moedas sobre os olhos,
um coração cansado a bordo do barco de Caronte.


Por: Rimini Raskin

A arte de fingir

A arte de fingir é tão mais difícil que a de falar a verdade,
que o ator se vê obrigado constantemente a revisar
seus gestos, falas e fantasias.

Pois até o menor tropeço, incongruência ou máscara partida,
tem o poder de denunciar o artista por detrás
das vestes brilhantes
e voz bem colocada.
Ao se denunciar o artista, o mesmo acaba por se revelar
homem de carne, finito, mortal.

Quase como se fosse, à um minuto, pássaro.
Para que logo depois, por culpa de um deslize,
cortem-lhe as asas e arranquem-lhe as penas

uma-a-uma em um ritual sádico e boçal.
Sendo assim, reinvoco minhas primeiras palavras:
A arte de fingir é infinitamente mais difícil que a de falar a verdade.
E por isso, ao ser carnal, parte morte e parte arte,
é que escrevo esses versos.

Cuida-te ao ceder a tua vida à esta prática,
pois corres o risco de que te sejas a última entrega.

Por: Rimini Raskin

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Quando a música já não faz tanto sentido

De repente seja verdade quando me falam
que caminhar ao lado é como andar para trás.

Que a música, as luzes, os remédios e o alcool

se tornaram nada mais que uma escada
para um lugar
tão vazio e triste quanto um coração de vidro.

Criamos nossa própria "Terra do Nunca".

Um lugar onde o tempo passa quando queremos que passe.
Um lugar onde não poçamos crescer
e a realidade
se molda conforme nossas vontades.

Por isso quebramos os espelhos,

para nunca mais vermos os efeitos que a natureza proporciona.

Fingimos que não existe ordem crescente para os números

E maquiamos o pavor da velhice com essa adolescência infinita.


"Nós somos a festa!" Não foi sempre assim?

Então porque o desejo desesperado de diversão todo fim de semana?


"A festa é infinita!" Será que acreditamos mesmo nisso?
Então porque o medo de ficar sozinhos em casa?


Até que ponto minhas palavras fazem sentido?
Não sei!
Até que ponto realmente acredito em tudo que escrevi?
Não faço a menor idéia.

Mas uma coisa há de se concordar!

Algo mudou, e não foi para melhor!



Por: Yuri Pospichil

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Canção para quem não está!




Não se engane caro amigo!
Existe loucura nessas linhas.
Há um pássaro ferido na janela que bate a cabeça contra o vidro.
Me olha com agonia de sangue,
Na verdade eu não ligo!
Ele não está alí afinal.

Poderia ter ficado admirando os círculos azuis que transbordam do copo,
Poderia pisar os degraus maleáveis,
Ter podido poder.
Mas não faço!
Eles não estão alí afinal.

Quer acreditar em algo verdadeiramente real?
Acredite na maldade humana, no veneno da língua
E na distância e no desejo de separação.
Desenhe vida com números mortos,
Basta crêr no que um dia chamaram normal!

Mas bem no fundo eu não vivo!
Pois não estou aqui afinal.



Por: Rimini Raskin

Continentes e Civilizações

As pessoas dizem que tão pouco nos conhecemos
E que, em verdade, nem sabemos o que sentimos
Elas não sabem onde estivemos nós
Que no reino de faraós passamos entre papiros
E vimos entre suspiros o nascer das pirâmides

Quantas vezes o mesmo amor contemporâneo
Cruzou o azul mediterrâneo em naves fenícias
Em busca das colônias pelos Jardins da Babilônia
Pela Pérsia, China e Macedônia
Entre gregos e romanos, entre hebreus e muçulmanos
Em nós, o mesmo ciúme, o mesmo perfume

E os menestréis pelas vielas velhas, amarelas, tão antigas
Levaram nossas cantigas no bojo de suas guitarras
Cantando como cigarras das Américas
Um novo mundo descoberto
Nos pampas, nos chars, no deserto, nos Andes

Enfim, em todo lugar, uma canção onde ressoar
Anunciando na voz dos sinos que somos quase deuses divinos
Que somos ternos e eternos, que somos Romeus e Julietas
E que por séculos e planetas sempre existiremos nós

E mesmo antes de civilizações,
Continentes, povos e nações
Nosso amor pelo mundo caminhou
Nosso amor pelo mundo caminhou


Por: Ronnie Von

Espelhos Quebrados


Sinto as nuvens de papel

Hoje um carro sobe ao céu

O sapato é de jornal

Mas o incenso é nacional


Vem sem saber se a cadeira vai morrer

De tédio, sozinha, sem você

Morrer de tédio, sozinha, sem você


O amarelo fica azul

E os habitantes vão pro sul

Sinto a vela se apagando

E os marcianos vem chegando


Vem me dizer se a cadeira vai morrer

De tédio, sozinha, sem você

Morrer de tédio, sozinha, sem você


Por: Ronnie Von

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sobre a vida que faz mais do que existir

Sempre hão de existir flores mais belas, campos mais verdes e pássaros com melhor entonação.
Frutas mais doces, caminhos mais curtos e amores maiores hão de aflingir o coração.
Porque a vida é um exercício de procura e principalmente de experimentação.
Viver é entregar-se aos excessos pelo menos uma vez ao dia, aguçar o paladar com novos sabores, os olhos com belas imagens e a mente com novas sensações.
Viver é muito mais que manter-se saudável e equilibrado o tempo inteiro.
É buscar a perfeição com a consciência de que somos seres falhos e podemos sim nos permitir sentir raiva diante de certas situações.
Viver é descartar a falsa idéia de pecado e abnegar de doutrinas que recusam a vida.
Viver é ser natural, é sentir-se parte de tudo que é vivo, é aceitar o fato de que também somos animais e de que as coisas existem para serem experimentadas, provadas...VIVIDAS.
Sabendo disso me nego a simplesmente existir,
Pois não há amor mais puro que viver sem culpa e castigo.
Nem pecado mais sujo que negar o que é vivo.


Por: Rimini Raskin

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sobre a paixão e seus doentes


Há nos amantes uma loucura sórdida.
Um amor pelo sofrer e uma propiciedade à dor gratuita.
Tornam-se mais apaixonados à medida que suas aflições aumentam.
Passam a não mais dormir noites completas, assumem poses ridículas, criam ilusões de posses e uma falsa idéia de que o mundo se encontra por completo no ser amado.
Alimentam-se de sobressaltos, adquirem a desconfiança e a fragilidade de pequenos cães que amam mais seus donos à medida que vão sendo maltratados.
Reside no coração apaixonado tudo de mais vergonhoso, tudo de mais infantil e digno de pena.
Os amantes não mais vivem suas próprias vidas, andam de um lado para o outro como zumbis paranóicos à imaginar os passos do objeto de adoração.
Acabam por terem a idade reduzida ao ponto de encabularem-se com palavras ou simplesmente a presença do ser que dá razão à sua existência.
Afastam-se do que realmente importa, perdem quase por completo a afeição por suas amizades, tornam-se fantoches nas mãos da pessoa amada.
Não existem senão pelo prazer de ganhar um pouco de atenção do ser à quem dedicam todas as suas forças.
A paixão é um perigo inevitável, um inimigo íntimo necessário.
Nos pega de assalto e derruba todas as defesas, é impossível percebê-la à tempo de derrotá-la,
não que devêssemos negá-la, mas deveríamos ao menos ganhar o direito de aceitá-la aos poucos.
Mas não, a paixão é um governo tirano e possessivo, não há como desobedecê-la sem pagar um preço alto, é um parasíta que nos mantêm refêns de suas vontades, um senhor de engenho que atira migalhas à seus escravos em troca de sorrisos débeis e servidão.
A paixão é cruel e ao mesmo tempo linda como uma manhã de inverno, aguça-nos o olfato, a memória e a visão, eleva ao êxtase ou reduz à quase-morte nossos batimentos cardíacos, é inevitável como disse antes, é bela, arrebatadora, opressiva, redentora, é um banho frio no inferno, a água quente no inverno, mentora mentirosa, falsa profeta do eterno, uma torturadora com o poder de permitir-nos amar ou afogar-nos na lama da decepção.
Não existe parecer racional quando se está apaixonado, não existe sequer a razão, consciência não combina com emoção, auto-controle torna-se uma piada, não existimos como unidade diante da paixão, nos tornamos cobaias nas mãos de um destino sem nenhum futuro aparente.
Por isso, amantes da paixão, é a vocês que venho por meio destas linhas fazer um alerta.

Com sorte encontrarás o amor, o verdadeiro sentimento, não a farsa da paixão.
Encontrarás a plenitude, o carinho sem posse, o olhar sem dor,
o sorriso sem medo e as noites de sono.
Do contrário, serás mais um à chorar os estragos causados por uma experiência que mais traz a fome do que a satisfação.


Por: Rimini Raskin

50 Receitas


...O que me dá raiva
São as flores
E os dias de sol.
São os seus beijos
E o que eu tinha
Sonhado prá nós.

São seus olhos e mãos
E seu abraço protetor.
É o que vai me faltar
O que fazer do meu amor?...


Por: Leoni/Frejat

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Linhas para uma musa morta!!



Vou jogar mais algumas linhas fora pra falar de ti.
Prometi não te dar mais espaço aqui no blog, mas dessa vez merece.
Tua idiotice é tão deprimente que chega a me comover.
Mas vou ser breve e direto.

Teu grande problema sempre foi a criatividade, ou melhor, a falta dela.
É uma boa atriz, preciso admitir, mas péssima em improvisos.
Fórmulas batidas e pensamentos previsíveis são a tua cara.
Queria poder voltar no tempo, para ser exato, 3 dias antes do teu showzinho de mal gosto.
Queria voltar e poder gravar o momento em que eu "cantava a pedra" do que aconteceria no final de semana.

Ráá!!

Fiquei até contente, tu não me decepsionou, fez exatamente o que eu esperava.
Mas brincou com coisa séria, com uma coisa muito maior que tuas vontades de criança mimada.
Me atingiu na hora, mas não fique tão contente, só tu perdeu no teu joguinho patético.

Por isso peço-te que não esqueça:

Sou fruto de experiências, lições, traumas e amores.
Sou argila moldável, então não reclame da forma como sou, você a criou!


Por: Yuri Pospichil

domingo, 1 de agosto de 2010

Não é nada

Não...não é conto nem poema.
Nem mesmo arte será.
É um desabafo, vou me permitir falar o que preciso, acho que já fiz isso antes aqui no Esqueleto, mas farei de novo.

Realmente não sei o que acontece comigo, onde fui parar?
Não me sinto mais o mesmo, onde está o Yuri que eu gostava de ser?
O cara de pau que eu construí durante todos esses anos? O cara engraçado sem medo de falar o que pensa, sem medo do fracasso, o cara do "foda-se" ligado?
Nada disso existe mais, e por que?

Só existe insegurança, medo e covardia diante de coisas tão idiotas.
É como se na vida "real" eu fosse o mergulhador que esqueceu o oxigênio.
Sempre preocupado em voltar para a superfície e por isso não cosegue ir mais fundo.

Que diabos está acontecendo comigo?

Eu não sou isso, não sou assim, então por que esses sentimentos ruins todo fim de noite?
Não quero voltar para os dias de "bolha e escudo"... eu superei isso...então por que essa droga toda agora?
"Tu é um cara super legal, Yuri. É sincero, é divertido, romântico de uma maneira toda tua!"
E dae?
Eu não quero ser legal, quero ser, quero estar, quero poder mudar quando quiser, sem pedir permissão, sem remorsos, sem medos....
Não lembro mais onde eu peguei a estrada errada, mas ela só tem me levado por uma direção oposta da que eu um dia quis ir.
E só agora eu começo a perceber que as placas estão todas erradas, sinais confuzos e semáforos sempre no amarelo.
Me tornei um ator sem público para o meu teatro.
Acho que o mundo mudou e eu fiquei pra trás, por teimosia, por apego a uma idéia que um dia pareceu nova. Sou um rocker falido, deixei a atitude morrer, estou vivendo no meio do muro, o melhor lugar para se levar uma pedrada e cair para o lado errado...ou pior ainda...levar pedradas e manter-se firme no alto desse muro de inseguranças.

Acho que não engano mais ninguém...
E pra um artista, nada pode ser mais triste!

Por: Yuri Pospichil

terça-feira, 13 de julho de 2010

Ode às mãos!


Há no corpo esguio uma graça,
Uma pose, um magnetismo lindo.
No rosto, na pele branca levemente avermelhada,
um mistério de beleza suave.
Mas nas mãos não há nada.
Não há nada que se explique em rimas,
nada que se conheça em palavras.
Pois nessas extremidades longas e elegantes
residem os encantos discretos do teu ser.
Por toques suaves, tocas o mundo
com teu charme francês
e pele macia de alvura européia.
Alegres são os olhos aos quais tuas mãos tapam.
E feliz, o rosto à que elas pertencem.


Por: Rimini Raskin












segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sobre um passado no futuro


"Haverá um momento, no futuro, onde a presença não mais se fará presente.
É pra esse tempo que no peito trago um sentimento, e nele, todos vocês."

Por: Rimini Raskin

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A beleza pela beleza!! [2]




Por: Esmir Filho

Cartas a Quem Possa Interessar IV



Em que poço terá eu caído? Terá eu me desviado do caminho? Caminho traçado por jovens que nada sabiam da vida. Uma vida dita de possibilidades infinitas e grandes conquistas.

Que potes de ouro encontraremos a final?
Diga que permanecerei aqui, curioso a vislumbrar tal tesouro.

Uma vida ou duas são poucas para aprender sobre o viver e existir. E, talvez, a primeira lição seja justamente a ausência da tentativa do aprendizado.

Classificando coisas? Que coisas criaremos para a classificação?

Nesses dias em que o vizinho dorme para o trabalhar, eu, como e durmo para o sonhar. E quando meus pensamentos se desvanecem no inútil, lembro-me que não há nada mais inútil do que o rotulamento da utilidade.

Em que poços cairemos sem a reinvenção do viver?

Palpite:

Talvez, nos mesmos poços em que grandes conquistadores naufragaram seus navios. Em uma terra quadrada onde o mar acaba em abismo, o universo gira ao nosso redor; onde somos donos de algo o qual nem mesmo sabemos explicar a procedência.

E certezas? Somente duas. A ignorância vem do homem. A sabedoria, do desconhecido.


segunda-feira, 28 de junho de 2010

Quando as linhas insistem


Não suporto olhar no espelho
E só enxergar o reflexo do ridículo do amor.
Os ciúmes, os calafrios, o mal estar das palavras engasgadas.
Mas também (e principalmente), a vergonha das frases ditas.

Sinto o que sinto por não ter mais o que sentir.
Veja que grande tolo eu sou!
Pois não sofro por te amar em demasia,
E sim por querer tão pouco à os demais.

Quantos finais podem existir em um sorriso?
Isso realmente não sei.
Mas versos à uma musa morna
É poesia jogada fora!


Por: Yuri Pospichil

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Desejos

Trago em mim o gosto pelo novo,
O desejo vivo, o anseio eterno.
Não procuro a dor gratuita, mas torno-a banquete
Para assim desfrutar o açúcar do seu sangue amargo.
Faço do açoite a punição perfeita para meus pecados
E purifico-me por teu amor pagão.

Caminho entre a imundície do mundo à buscar prazeres ainda intocados.
Não escolho-te por tua pintura, mas por teu rosto pintado.
É uma pose que desejo, o teu corpo de amanhecer.
O olhar que queima, as mãos que elevam ao renascer

Arrancaria tuas máscaras menos a última,
Para que nunca venha a sentir-se totalmente nua.
Quero-te anjo caído,
Um doce demônio de asas podadas.
Quero-te para o mundo...


...O meu mundo.


Por: Rimini Raskin

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Kidult

Sou aquele que construo todos os dias pelo prazer de destruir mais tarde.

Sou tudo que desejo.

O guri que fala sério e o amor que retorna ao zero.


Sou tudo que detesto.

O profissional de fala firme e o leigo que não se leva à sério.


Sou aquele que destruo todos os dias pelo prazer de construir mais tarde.



Sou à força!


Por: Yuri Pospichil

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Minhas melhores cores


Te imagino cercada por minha melhor moldura.
Coberta apenas por beijos e amores plenos.
E como me encantaria desenhar-te um sorriso
Enquanto dormes teu sono de rainha,
Só para depois apagar-te dos olhos as lágrimas
E pincelar sem medo, cores em teu coração.

Faria isso enquanto mergulho minhas mãos em tinta fresca
para marcar-te o corpo com carinho.
Terias de mim o meu melhor,
mas nunca a perfeição.
Te amaria como bom mortal que sou
E erraria para na cama lhe pedir perdão.

Te ajudaria a cuidar da casa
e manter as plantas sempre molhadas.
Por isso só peço-te que não demores,
Para que não acabe por encontrar apenas uma palheta com tinta seca
E um pintor de mãos cansadas.

Por: Rimini Raskin

domingo, 13 de junho de 2010

Olhares

O que te faz pensar que a noite não reserva um novo olhar?
Ou faz acreditar que os mesmos amigos já não podem ser mais uma surpresa?
Pois te digo que há uma forma toda especial de se amar o tempo,
Maneiras novas de voltarmos ao passado
E vontades de reinventarmos o futuro.


Nos vejo de mãos dadas pelas ruas,
Rimos e olhamos uns aos outros.
Somos partes incompletas de uma mesma vibração.

Fazemos do vinho uma fuga da singularidade fria.
Pedimos uma porção de fritas e cumprimentamos os novos amigos.
Que importa se suas amizades durem segundos, no máximo uma noite?

Existem planos para amanhã,
Relógios que despertam as 9 horas no domingo
E uma noite que terá ficado em um lugar especial da história.

Memórias que não apagam,
Momentos que se fazem eternos
E pessoas que se mostram indispensáveis,
Só reforçam o sentido
De verdadeiros laços de amizade.



Por: Rimini Raskin

terça-feira, 8 de junho de 2010

Fim



Lembro de estar carregando algo.
De estar sentindo calor.
Lembro de como teu rosto parecia perdido
enquanto todos diziam teu nome a sorrir.

Sempre me soou falso.
Mas contigo de repente a rebeldia era real.
Nos teus cabelos o cinema me saltava aos olhos.
E nos teus olhos buracos negros apontavam o vazio de uma alma química.

Me entreguei ao corpo que se entregava.
Partilhei da loucura doce de voltar a ter 15 anos.
Sujei-me de sangue, do meu e do teu sangue.
Lavei-me com lágrimas, as tuas, as minhas e dos anjos.

Escrevemos linhas convulsas,
Presenteamos um ao outro dores e incertezas.
Sorrimos, gargalhamos, transgredimos um mundo de regras.
Te perdi, te busquei e perdi de novo.
Nunca à tive, à mim mesmo sequer cheguei um dia à ter.

Dois personagens de um romance-dramático
Parte comédia, parte non-sense.
Mas olhe pra nós agora.
Quem somos?

NADA.

Nada além do que éramos.
Nada além do que fomos.
Andamos em círculos.
Cuidando um do outro à uma distância segura.
Correndo de volta sempre que a luz apagava.

Seria lindo se não doesse tanto.
Se as mágoas fossem esquecidas.
Mas olhe pra nós agora.
Quem somos?

TUDO.

Tudo que nunca quisemos ser.
Por isso me afasto de um corpo que afasta.
Te olho de uma distância maior.
Não seguro mais a tua mão.

ESCOLHAS.

São elas que decidem os rumos.
O tempo não concerta.
O tempo escorre,
E com ele nossos planos.

Sinto que posso ser melhor.
Sinto em ti uma tristeza que meu toque não cura.
Não há raiva.
Não existe paixão.
E o amor, bem, ele está tão cansado que decidiu dormir.

Só resta carinho por antigas fotos.
Não há pesar.
Não há culpados.
Não há o que não há.

Bem vinda de volta, minha vida.
Sorrisos me brindam.
Os amigos me chamam
E corações dispostos me aguardam.

Como uma parte minha que fostes,
Amo-te como deveria.
Só peço-te que fuja, Amélie.
Pois a solidão aguarda por aqueles que a perseguem.
E ainda espero te encontrar bem longe dela.


Por Yuri Pospichil