quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Mãe


Mãe, existe um lugar que eu gosto. Lá tem uma praça com estátua e tudo, mãe. Tem criança que posa pra foto e namorados que riem alto depois de cada beijo. Mas tem moça solitária também, mãe. Uma que segura o telefone como quem espera uma notícia de morte. Mas, mãe, também há um velho que segura o joelho direito com as duas mãos. E um cachorro querendo abocanhar os pombos -- como o Faísca aquela vez, te lembra, mãe?... Tem um rio, um muro e lugares para tomar café. E também existem, imagine a senhora, muitas mães, mãe. E nenhuma como a senhora. Mas as nuvens são negras e a espada da estátua parece pronta para rasgá-las a qualquer momento. Sinto saudades de coisas das quais não sei o porque, mãe. Te olho aqui do meu quarto e não consigo atravessar a porta para te dar um abraço. Talvez porque nada disso exista, mãe. Ou talvez porque nenhum de nós precise agora senão de um olhar.


Por: Rimini Raskin

3 comentários:

  1. As vezes é tudo que precisamos...um olhar para completar o que palavras não conseguiriam expressar...

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  2. Belo texto... As vezes os maiores muros são os invisíveis. Felizmente ou não, não sei.

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  3. Muito gostoso seu texto!
    Existem muitas mães, mas nenhuma como a Mãe da gente! `^^´

    Abraços!

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