domingo, 7 de agosto de 2011

"O Diabo na Cabeça" de Bernard-Henri Lévy


Na sinopse original o livro é descrito como:


"A investigação sobre a vida misteriosa de um certo Benjamin C. revela uma complexa personalidade que reúne em sí todos os segredos e paixões da humanidade.

Bernard-Henri Lévy, eminente filósofo representante da nova geração de intelectuais franceses passa a romancista. E constrói uma trama fascinante que engloba mais de quarenta anos de tumultos e conflitos ao fim dos quais o diabo sempre vence. Usando como pano de fundo as maiores catástrofes do século atual (séc. XX) Lévy manipula em O Diabo na Cabeça personagens que são meros joguetes nas malhas da história."


Mas para mim o livro tem um significado ainda mais oculto e representativo. É o retrato de toda uma geração criada entre um furacão de novas idéias e tendências e a consequência poética, mas não menos catastrófica, que isso causou na geração do pós-guerra e que consequentemente alcançou à mim mesmo mais de quarenta anos depois.

As inquietudes e a rebeldia quase sempre intrínseca porém mal direcionada, ou direcionada a todos os lados, as fugas pela literatura, o cinema, a arte de vanguarda, os excessos e a auto-destruição iminente e frustrante, ainda que inocente.

Tudo isso é Benjamin C., tudo isso sou eu, e ao mesmo tempo não posso afirmar ou negar nada que nem mesmo meu próprio espírito refletiu e ainda reflete.

Os depoimentos de familiares e pessoas próximas, todos tão certos de sí mas tão falhos em relação à realidade do ser em questão.

As mentiras, as ideologias disfarçando o egoísmo pessoal, todo o falso romantismo dos atos que encantam os olhos alheios dispostos à uma aventura e igualmente suficientes para angariar inimigos que hoje olham com desdém para o objeto que já representou o motivo de seu ódio e inveja.

Sendo tudo isso coroado com um relato, também falho, do próprio Benjamim C., em uma carta onde para desatar nós sobre sua vida acaba por criar outros tantos.

Realmente uma obra a ser lida por todos que sentem dentro de sí a existência de uma força maior, um "diabo" que dita direções adversas e caóticas, muitas vezes até cruéis e de extremo egoísmo.

Mas que no fundo, não passam de consequências impostas à mentes que como diria Oscar Wilde "(nasceram para) Viver, enquanto a maioria apenas existe!


Por: Yuri Pospichil

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